Polémica e novas regras nos Óscares

lupita

A polémica está instalada em Hollywood. Depois da presidente da Academia se ter confessado desapontada por não haver atores afro-americanos entre os nomeados para os Óscares, de Spike Lee ter anunciado um boicote à cerimónia e de George Cloney se pronunciar sobre o assunto, Charlotte Rampling e Julie Delpy também têm uma palavra a dizer sobre as desigualdades em Hollywood.

Julie Deply, atriz, guionista e realizadora, comentou no festival de cinema Sundance as desigualdades em Hollywood, confessando:

“Há dois anos falei sobre a academia ter muitos protagonistas masculinos brancos, o que é uma realidade, e foi esmagada pela imprensa. É engraçado, as mulheres não podem falar. Às vezes preferia ser afro-americana. O pior de tudo é ser mulher nesta indústria. Feministas é algo que as pessoas odeiam acima de tudo. Não há nada pior que ser mulher neste negócio. Acredito realmente nisso.”

A atriz Charlotte Rampling assumiu uma postura bem diferente em relação ao assunto. Em entrevista à rádio francesa Europe 1, quando questionada sobre a polémica em torno dos Óscares , respondeu que o que se estava a passar era “racismo contra os brancos”, acrescentando que “talvez os atores negros este ano não merecessem estar na lista de nomeados.”. Quando questionada sobre as desigualdades em Hollywood a atriz desvalorizou o assunto:

“Porquê classificar as pessoas? Hoje em dia todos somos mais ou menos aceites… Alguém vai sempre dizer que somos demasiado isto ou aquilo.”

A nomeada para o Óscar de melhor atriz veio já explicar estas palavras dizendo ter receio de ter sido mal entendida. Em comunicado à CBS News disse que “simplesmente queria dizer que num mundo ideal todas as performances teriam oportunidades igual de avaliação.”, acrescentando que a ” a diversidade no cinema é um ponto importante que precisa de ser trabalhado.”

O que é certo é que tanta polémica em torno da igualdade deu os seus frutos, levando a Academia de Óscares a tomar medidas para acabar com a desigualdade de género e racial no cinema. As novas medidas visam “uma duplicação até 2020 dos seus membros femininos ou provenientes de minorias” anunciou a organização em comunicado. As mudanças incluem também um limite de 10 anos na possibilidade de voto dos membros da Academia, sendo que só podem fazer parte do painel os que estejam envolvidos na industria cinematográfica. As novas regras têm efeito imediato e mudam realmente o funcionamento desta instituição.

As medidas foram votadas na quinta-feira com unanimidade. Cheryl Boone Isaacs acrescentou ainda que “A Academia vai liderar o movimento e não esperar que o setor supere o atraso”.

Fotografia de destaque do Facebook Oficial The Academy