Mulheres do mundo marcham contra Trump

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As mulheres norte-americanas já tinham saído à rua durante a campanha de Trump, mas agora prometem elevar as suas vozes (Fotografia: Joshua Lott/Reuters)

Donald Trump entra na Casa Branca a 20 de janeiro e as mulheres norte-americanas prometem sair à rua em protesto no dia seguinte. E a conta já vai alta, porque, a poucos dias de o presidente eleito fazer o seu discurso de tomada de posse na presidência dos Estados Unidos da América, são já 200 mil pessoas a dizer que vão participar naquela que será a primeira manifestação anti-Trump.

Um número que chega por via do número de inscrições na página Women’s March (Marcha das Mulheres, em tradução literal), no Facebook. As manifestações contra o sexismo do magnata e do mais alto responsável dos EUA estão marcadas para Washington, mas há já mais estados norte-americanos e países que têm vindo a aderir à iniciativa, e espera-se, por isso, que o número de manifestantes venha mesmo a aumentar.

200 mil pessoas estão já inscritas para a marcha em Washington. Mas a iniciativa preparada para 21 de janeiro já se estendeu a outros estados norte-americanos e a cidades europeias também

Neste momento, o protesto já se alargou, entre outros, ao Missouri, à Carolina do Norte, ao Illianois e ao Oregon. Fora de portas, o Canadá e cidades como Londres ou Frankfurt já criaram também uma página de Facebook, aderindo à manifestação.


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A ideia partiu de Teresa Shook, uma advogada reformada, avó, a viver no Havai, que nunca reclamou para si o combate ativista e feminista, mas foi mudando de opinião à medida que a campanha e os comentários sexistas de Trump iam tomando de assalto e chocando a opinião pública. “Eu estava em tal choque e descrença que este tipo de sentimento pudesse ganhar”, disse Shook à Reuters.

“Eu estava em tal choque e descrença que este tipo de sentimento pudesse ganhar”, disse criadora do evento, Teresa Shook, à Reuters.

O movimento já conta com a adesão de celebridades de Hollywood como a atriz Jessica Chastain. Mais recentemente, a escritora Gloria Steinem e o ator e ativista pelos direitos civis Harry Belafonte juntaram-se, como membros honorários, ao corpo de manifestantes, a par de entidades como o Planned Parenthood. Esta organização não lucrativa que promove serviços de saúde nos EUA, mas também globalmente e pugna pelos direitos reprodutivos das mulheres já disponibilizou voluntários, bem como ferramentas para a promoção digital da marcha de protesto.

Nesta fase e para Washington, os responsáveis pela Marcha já angariaram dois milhões de dólares (1,9 milhões de euros), que têm o propósito de garantir a segurança do evento. Foi também criado um serviço de autocarro, que conta com a reserva de uma frota de mil viaturas, para poder transportar as manifestantes da costa Este dos Estados Unidos.

“A geração de jovens raparigas vai crescer durante a era Trump e será a mais politizada das gerações até hoje. Estou entusiasmada por ver o movimento feminista que elas vão construir”, afirma Elzabeth Plank, jornalista do Vox.com e especialista em questões de feminismo

“Queremos deixar uma franca e clara demonstração a este país a nível local e nacional de que não permaneceremos silenciosas e que não deixaremos que ninguém reverta direitos pelos quais combatemos e que conquistámos”, afirma Tamika Mallory, uma das organizadoras do evento ao Washington Post.

“A Women’s March é uma das iniciativas que, entre outras, devem ecoar como alertas para a presidência de Trump. É o início de um movimento de resistência feminista, já forte nos EUA, mas que antecipa vir a ser ainda mais forte”, analisa Elzabeth Plank. Esta jornalista do Vox.com e especialista em questões do feminismo olha para iniciativas desta natureza com esperança. “A geração de jovens raparigas vai crescer durante a era Trump e será a mais politizada das gerações até hoje. Estou entusiasmada por ver o movimento feminista que elas vão construir”, crê a repórter.


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