Enquanto a cor do ano Pantone não chega…

Ao contrário do que se diz por aí, que a cor Pantone 2017 será um amarelo ácido, esverdeado e vitaminado, a proposta do atelier PPG – The Voice of Color, virado exclusivamente para as cores de interiores, é uma cor fechada e verdadeiramente outonal.

Mais que isso, reflete bem o sentimento que tem de quem tenha dois dedos de testa e pense sobre o que nos rodeia. Outra cor mais aberta ou feliz seria hipócrita. Claro está que a PPG não a define nestes modos realistas de amargo fundo social, tal seria muito mau para o negócio. Na descrição dos autores desta Violet Verbena, podemos ler que é um cinzento/púrpura que encarna uma vivência boémia e um estilo de vida cigano e nómada. “É uma atualização de um tom clássico que confere aos espaços profundidade e luxo, e oferece a solução perfeita para os consumidores que procurem misturar masculino e feminino, misticismo e modernidade”.

A Violet Verbena vem ocupar o espaço deixado pelos taupes, uma espécie de castanhos indefinidos (a mim ocorre-me sempre cor-de-burro-quando-foge, mais que cor de toupeira, que nunca vi nenhuma; taupe é mesmo a cor indefinida de um burro). Esta nova Violet Verbena é também ela uma cor imprecisa e capaz de receber um sem número de peças que já tenhamos em casa, sem gastar dinheiro em novas decorações. É quase uma folha em branco, em termos de interiores.

O que a puxa da indefinição dos cinzentos é uma pontinha de azul e um borrifo de vermelho, que lhe conferem o tal ar de violeta ou verbena alfazema. Porque é tão discreta e anódina, será perfeita para os longos anos em que teremos que viver com ela, até ter dinheiro para pintar a sala outra vez, numa cor mais à moda e que reflita um novo estado de coisas.


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Mas como substituta das cores de toupeira e de burro, a Violet Verbena cumpre perfeitamente o seu papel de grande fundo dos interiores atuais. Recebe tão bem rosas e vermelhos como azuis, brancos ou escuros de madeira de apontamentos ou de mobiliário.

Em tempos de crise as cores de fundo têm mais sucesso se permitirem, pela sua composição cromática, a entrada do maior número possível de cores sobre si. A Violet Verbena, porque nasce de branco, preto, vermelho e azul, facilita a entrada das peças que já se tenham nestas cores, ou mesmo de algumas que se encontrem em pontos opostos do espetro cromático: um efeito especialmente inesperado e feliz é um apontamento amarelo vivo sobre a Violet Verbena, como funcionava também inesperadamente o azul muito claro, ou mesmo gelo, sobre as cores de toupeira.

É verdade que é uma cor de ‘retranca’, de um estado de espera. Quase não chega a ser uma cor. Mas é bela e funciona tão bem em grandes superfícies como em objetos e mobiliário, como pode ver na galeria que lhe trazemos.