A Fátima que foi “mãe da nação” paquistanesa

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Fátima Jinnah foi a irmã e confidente do fundador do Paquistão e só por causa de uma fraude não se tornou na primeira mulher presidente no mundo.

Nascida em Carachi em julho de 1893, era a mais nova de sete irmãos, um deles Mohammed Ali Jinnah, que em 1947 conseguiu criar o Paquistão.

Fátima estudou em Calcutá para ser dentista e chegou a abrir consultório em Bombaim. Mas quando ficou viúva, com apenas 36 anos, decidiu abandonar a carreira médica e dedicar-se a apoiar a luta do irmão para criar uma pátria para os muçulmanos da Índia. Nunca mais saiu do seu lado até à morte deste.

De início, o advogado com experiência de Londres trabalhou com Jawaharlal Nehru e o Mahatma Gandhi para libertar a Índia do domínio colonial britânico, mas depois apostou tudo na Liga Muçulmana por não querer pertencer a um país onde os hindus seriam a clara maioria e, pressentia, dominariam a política. Fátima está ao lado do irmão nesse histórico agosto de 1947 que vê nascer o Paquistão e também a nova Índia.

Defensora dos direitos das mulheres, é uma voz respeitada e quando o irmão morre, logo em setembro de 1948, os militares tudo fazem para a impedir de falar com o povo. Uma biografia que escreveu de Ali Jinnah foi censurada e só publicada muito depois da morte de Fátima.

Em 1965, com 72 anos, Fátima candidatou-se a presidente contra o general Ayub Khan. Multidões esperavam-na onde quer que fosse, aos gritos de “mãe da nação”. Acabou por vencer o voto popular nas duas maiores cidades, Carachi e Daca (o Bangladesh era então o Paquistão Oriental), mas o sistema indireto e fraudes permitiram a Ayub Khan manter-se presidente. Teria sido ela a primeiro presidente do mundo, quase uma década antes da argentina Estela Perón. Fátima morreu em 1967 e até hoje na família há quem tenha dúvidas sobre o que aconteceu.