A Google espera respostas diferentes de homens e mulheres à mesma pergunta

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Imagine o cenário: vai a uma entrevista de emprego na Google, ao entrar na sala cruza-se com alguém do sexo oposto vindo da entrevista, cabisbaixo, triste, demonstrando todos os sinais de quem acaba de ser rejeitado; você entra e responde exatamente o mesmo a todas as questões que a pessoa anterior respondeu e, no entanto, é contratada… Estranho? Discriminação de género? Você tinha os olhos mais bonitos? Não, simplesmente psicologia aplicada à seleção de candidatos.

A gigante tecnológica Google desde há muito que é conhecida pelas questões peculiares efetuadas nas entrevistas de emprego aos candidatos. Quantas bolas de golfe são necessárias para encher a bagageira de um autocarro? Como explicaria o que é uma base de dados ao seu sobrinho de 8 anos? E se, de algum modo, a encolhessem ao tamanho de uma moeda de 1 cêntimo e a atirassem para dentro de uma liquidificadora como escaparia? Foram algumas das questões que em tempos foram colocadas no processo de seleção da empresa.

De momento pode estar a pensar o que é que isto tem a ver com engenharia informática e o porquê destas perguntas e parece que o sénior vice-presidente de operações de recursos humanos da Google – Laszlo Bock, concorda. Segundo ele, os dias de enigmas e problemas macabros já acabaram, mas o departamento de recursos humanos mantém algumas perguntas originais. E é uma dessas questões que a resposta esperada para homens e mulheres é diferente.

De 1 a 5, como se classifica como programador?

À primeira vista parece uma pergunta banal, certo? Para um emprego como programador convém saber-se qual o nível de mestria do candidato. Pois bem, é aqui que questão envereda para um caminho freudiano, que difere consoante o género do candidato.

Quando um homem é entrevistado, a resposta mais correta que o entrevistador quer ouvir é 4:

“A nossa lógica é que os homens tendem a sobrestimar as suas capacidades. Na sua generalidade os homens, menos conscientes das suas habilidades que as mulheres. Assim para um homem responder 4 é um sinal que é um sujeito um pouco mais auto-consciente e talvez perceba que ainda tem algo que possa aprender e isso está positivamente correlacionado com o sucesso que pode atingir na Google”, explica Laszlo Bock.

Já no caso de o candidato ser uma mulher, a respostas que precede maior sucesso na Google é 5. A lógica mais uma vez assenta nas diferentes normas que são impostas a cada um dos géneros pela sociedade.

“Existe uma maior pressão sobre as mulheres para serem mais modestas e humildes, a conterem-se em vez de levantarem a mão a cada oportunidade como os homens, na sua generalidade logicamente. Então se uma mulher responde 5, provavelmente terá mesmo uma inteligência emocional e perceção social, maior do que é comum. E, claro, ela será soberba, é o que temos vindo a constatar”, acrescenta Laszlo Bock.

Como vê não se trata de sorte ou discriminação de género, uma mera técnica de recrutamento baseada nas imposições sociais a que tanto mulheres, como homens, são forçados a assumir desde os primeiros passos. É provável que esta técnica já não seja aplicada agora que Laszlo Bock a revelou ao mundo e perdeu o seu efeito. Portanto lembre-se: numa entrevista de emprego nada é ao acaso, prepare-se para tudo e mantenha a calma e diferencie-se, que iguais a todos já há muitos.