Mais pequenas, + pesadas e + férteis

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Quando os oráculos (científicos, esotéricos, religiosos, etc.) falam acerca do futuro a tendência é a errância. A imprevisibilidade dos acontecimentos acaba, tantas vezes, por ganhar às expectativas de coerência evolucionista. Assim tem acontecido com a História. Quando há umas décadas a ciência sonhava e previa, p. ex., tráfegos citadinos exclusivamente aéreos, nunca lhes passou pela cabeça que uma das maiores revoluções da nossa Era seria a internet. Ninguém previu essa descoberta; uma das mais significativas nas sociedades contemporâneas. Portanto, ressalvando as devidas distâncias de imprevisibilidades várias, alguns cientistas têm-se dedicado à pesquisa em que se auspiciam novos perfis num futuro recente, neste caso, na mulher.

Biologia evolucionista

O estudo revelado pela revista New Cientist em 2009 – o mais recente até à data nesta matéria – revelou que a mulher do futuro, em 2019 aproximadamente, será mais baixa e mais pesada. Stephen Stears, um biólogo evolucionista da Universidade Yale, nos Estados Unidos, e a sua equipa, fizeram o estudo usando os dados médicos da cidade de Framingham, em Massachussetts, desde 1948. A equipa de investigadores analisou 2238 mulheres que já tinham entrado na menopausa, relacionando fatores como altura, peso, tensão arterial ou colesterol com o número de crianças que cada uma tinha dado à luz. Em conta, levou também os aspetos do contexto cultural e social. O objetivo foi o de entender a relevância da seleção natural. O estudo mostrou então que as mulheres mais baixas e pesadas tendem a ter mais filhos assim como aquelas com pressão sanguínea e níveis de colesterol mais baixos. As mulheres que tiveram o primeiro filho quando eram jovens e as que atingiram a menopausa mais tarde, também tiveram mais filhos. O mais impressionante é que as características passaram para as filhas desta primeira geração que também acabaram por ter mais filhos. Segundo Stearns e a sua equipa, a tendência deste modelo é continuar assim por mais dez gerações. Podendo até afirmar-se que a mulher média no ano 2409 será dois centímetros mais baixa e um quilo mais pesada que a mulher de hoje. Prevê-se que será mãe cinco meses mais cedo e entrar na menopausa dez meses mais tarde em relação à média atual. Ainda que não seja possível ignorar a ligação entre a genética e os fatores culturais, Stearn ficou satisfeito com os resultados da sua pesquisa.

Massificação da cirurgia estética

Segundo a revista Superinteressante, na versão brasileira, os Estados Unidos ocupam o 1º lugar no ranking das cirurgias plásticas e, logo a seguir, o Brasil fica com a 2ª posição. Segundo os dados da Sociedade Internacional de Medicina Plástica e Estética (Isaps), em 2015, foram feitas 1.224.300 de cirurgias no Brasil. Desse total, mais da metade foi realizada com fins estéticos, maioritariamente lipoaspirações. Apesar de não ser um procedimento estritamente feminino, só 19% das intervenções cirúrgicas foram feitas em homens. As cirurgias mais efetuadas por mulheres são: aumento mamário, a lipoaspiração e blefaroplastia (operação para levantar as pálpebras).

A sociedade contemporânea e a moda das selfies fez disparar o recurso à cirurgia plástica, há quem utilize filtros fotográficos ou o célebre Photoshop, mas há também quem passe à cirurgia plástica. De acordo com um estudo anual publicado no início de 2015 pela Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, um em cada três médicos inquiridos viu um aumento nos pedidos de cirurgia devido à insatisfação dos pacientes com a sua imagem. Mais de metade dos cirurgiões que fez parte deste trabalho viu um aumento da procura em pacientes com menos de 30 anos; para os profissionais é um sinal do impacto de redes sociais como o Facebook.
Será que este tipo de comportamento de aperfeiçoamento estético colidirá com o novo corpo da “mulher do futuro”? Talvez as alterações previstas pela ciência possam ser contornadas pela própria ciência. Os dois quilos a mais previstos para a mulher de 2049, poderão ser resolvidos pela cirurgia estética, através de uma lipoaspiração, p. ex. É provável que, consequentemente, o recurso à cirurgia afete a tal previsão de aumento de fertilidade. Só uma coisa não pode ainda a ciência resolver no oráculo de Stearn: o tal centímetro de altura a menos. Mas quem sabe? Talvez em 2049, se arranje uma solução. Um implante de vértebras ou pernas, p. ex., não?