Adelaide Ferreira quer “lançar álbum só de composições minhas”

Ao piano do Teatro Maria Vitória, antes de uma das suas últimas encenações em ‘Parque à Vista’ [tendo sido agora substituída por Miguel Dias na peça], Adelaide Ferreira conta ao Delas.pt como idealiza o seu próximo disco. “A minha ideia era lançar um álbum só de composições minhas. Tudo inéditos meus, a maior parte em inglês, e uma em português, em dueto com a minha filha.”

O álbum, ainda sem forma definitiva – sem ser a que tem na sua cabeça -, já conta com várias dedicatórias: “Uma música dedicada aos Pink Floyd, outra ao Pedro Osório, uma sem dedicação, e outra ainda, chamada ‘The Other Side’, dedicada a uma pessoa amiga – o “mano”, “que entretanto morreu.”

O êxito dos artistas é uma das medidas para o acesso às editoras e Adelaide Ferreira confessa que o facto de ter estar afastada da música constituiu uma barreira. “Como não tenho sucesso há muito tempo, naturalmente as editoras já não têm muito interesse em mim. Eu também não lhes fui bater à porta, se calhar tenho de passar a fazer isso. Aliás, já me aconselharam e vou fazê-lo.” Ainda assim, há uma outra solução: “Tenho uns cúmplices, uns companheiros de viagem, que me querem ajudar.”

Sem pressões nem pressas, Adelaide Ferreira vai-se descobrindo ao piano nos intervalos da peça que interpretou durante seis meses. “Nos intervalos, venho aqui porque me apaixono a descobrir notas. Para mim, isto é um mundo sendo uma criança – quero ser amadora do piano toda a vida.” A autora de ‘Papel Principal’, que aprendeu a tocar aos 29 anos, nunca editou uma música com as suas próprias mãos nas teclas. “Nunca achei que fosse capaz”, explica. “Agora é que estou a ver como consigo. Nunca achei que ser músico estivesse ao meu alcance, mas agora estou a conseguir colorir as músicas.”

Adelaide mostra-se, assim, sem os “preconceitos, como aqueles que os músicos têm”: “não procuro a técnica, sigo a minha voz, componho ao mesmo tempo que toco.” A cantora recorda, a propósito, Luís Pedro Fonseca e um conselho que o compositor lhe chegou a dar: “Continua a compor assim, na ignorância, porque as melhores coisas que se fazem são na ignorância.”

[Artigo atualizado a 8 de fevereiro de 2017: 11:18]