Amal Clooney em tribunal contra o Estado Islâmico

George Clooney's wife Amal poses on the red carpet as she arrives for the screening of the film

Amal Clooney vai levar o Estado Islâmico (EI) a tribunal. A advogada, tida como uma das melhores especialistas em direitos humanos, é a represente legal de Nadia Murad, que foi sequestrada e mantida refém como escrava sexual pelo EI durante três meses.

Foi a história desta jovem, hoje com 23 anos, que a levou a aceitar o caso. “Uma das formas de punir o Estado Islâmico é expor as suas atrocidades e a sua corrupção. E uma forma de fazer isso é através de um julgamento”, afirmou, recusando a ideia de que bombardear os territórios ocupados pela organização terrorista levem ao fim das suas ações.

“Isso não chegaria. Não matamos uma ideia dessa forma”

Em 2014 Nadia Murad foi capturada por elementos do EI. Assistiu ao assassinato de seis dos seus irmãos e da mãe e, ao lado das irmãs e de outras mulheres, foi violada até ter ficado inconsciente. “Num prédio, trocaram crianças como se fossem recompensas. Um deles chegou ao pé de mim, queria levar-me. Olhei para o chão, petrificada, e quando levantei a cabeça, vi um homem gigante. Parecia um monstro. Ali mesmo eles tocaram-nos e violaram-nos”, narrou Murad na Assembleia Geral da ONU, na semana passada, em Nova Iorque, nos EUA.

Nadia Murad Basee
Nadia Murad, de 23 anos, está nomeada para o Prémio Nobel da Paz

Já Amal Clooney, britânica e descendente de libaneses, disse estar ciente dos perigos que enfrenta. “Este é meu trabalho. É urgente combater o grupo e impedir as suas atrocidades contra mulheres e crianças é mais importante do que qualquer ameaça”, referiu a mulher do ator norte-americano George Clooney. A advogada e embaixadora da Boa Vontade disse ainda que “gostaria de dizer” que se sente “orgulhosa”. “Mas não estou. Estou envergonhada como ser humano por ignorarmos o pedido de socorro deles”.

Em junho passado, em entrevista, Nadia Murad explicou que quer ser a voz de outras vítimas e que Clooney tem sido o seu grande apoio na sua missão de fazer justiça pelas cinco mil vítimas yazidi do EI.

Murad, que na sexta-feira foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico de Seres Humanos do Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), está também indicada para o prémio Nobel da Paz. “A sua nomeação marca a primeira vez que um sobrevivente de atrocidades é agraciado com esta distinção”, afirmou o representante das Nações Unidas.