Andy Warhol: o homem que via as mulheres como ninguém

Há 30 anos desaparecia um dos maiores artistas do mundo e nome principal da Pop Art, movimento que, nos anos 60, levou a cultura popular para o mundo das artes.

Andy Warhol usou os ícones, as celebridades, mas também os objetos de consumo da época nas suas obras. Serviu-se dessa cultura e tornou-se, ele próprio, um símbolo dela, criando as suas peças a partir de impressões de retratos de personalidades do cinema e da música, como Marilyn Monroe, a sua preferida, Elizabeth Taylor, John Lennon ou Elvis Presley.

As imagens das latas das sopas Campbell, da Coca-cola e os logos da Heinz Ketchup também se converteram em arte sob a sua abordagem, que se estendeu ainda à escultura e aos filmes, de que é exemplo o pseudo-documentário ‘Chelsea Girls’ (1966), entre outros títulos.

Andy Warhol acabaria por expandir os seus interesses artístico às performances e à música, produzindo o conhecido espetáculo multimédia “The Exploding Plastic Inevitable”, com o grupo Velvet Underground and Nico.

A Factory e o star quality
A influência do artista ultrapassou as fronteiras das artes plásticas e o seu estúdio de arte, a Factory, passou a ser o centro da cena underground nova-iorquina, atraindo músicos, artistas, atores, intelectuais, celebridades e travestis.

Funcionando entre 1962 e 1984, em diferentes locais da cidade, o espaço tornou-se famoso pelas suas festas e ambiente boémio, mas também por excessos, consumo de drogas e sexo explícito.

Ainda assim, fazer parte do círculo do artista acabava por ser um símbolo de ascensão social. Ser visto e fotografado com o artista significava star quality e ter direito aos “15 minutos de fama” que Warhol dizia que toda a gente viria a ter no futuro.

Um homem controverso para as mulheres
Apesar de ter retratado várias mulheres, a sua relação com o sexo feminino nem sempre foi pacífica. Em 1968, a escritora e feminista radical Valerie Solanas atingiu Andy Warhol a tiro, dentro do estúdio deste, alegadamente devido a uma disputa relacionada com um guião. O artista não voltaria a ser o mesmo depois disso e, segundo refere a biografia da fundação dedicada à sua memória, foi adotando uma postura cada vez mais distante.

Na altura, alguns viram esse episódio como uma prova da sua misoginia, segundo recorda a ‘Stylist’ num artigo a publicado a propósito do 25º. aniversário da sua morte.

Superficiais e unidimensionais era como os seus retratos de personalidades femininas eram vistos por muitos académicos, que criticavam o ênfase dado aos lábios, cabelos e pestanas nas imagens das mulheres.

“Alguns académicos, sugeriam que Warhol as transformava em modelos de travestis – uma caricatura da mulher”, explicou à ‘Stylist’ William Ganis, professor de História de Arte, na Wells College, em Nova Iorque.

Mas para críticos de arte como Jonathan Jones, do jornal britânico ‘The Guardian’, interessava a Warhol captar a tristeza e a dor que a superfície da beleza secundarizava. O especialista dá como exemplo a série de retratos ‘Death And Disaster’, com quadros de Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor e Jackie Kenndy Onassis. O retrato de Marilyn Monroe foi pintado duas semanas depois do seu suicídio, o de Elizabeth Taylor quando esta estava gravemente doente e o de Jackie (‘Red Jackie’) feito depois do homicídio do marido e presidente americano, John F. Kennedy.

O relacionamento do artista com a celebridade Edie Sedgwick também contribuiu para o acusarem de desrespeitar as mulheres, com muitos a culparem-no pela sua toxicodependência, problemas de anorexia e saúde mental.

Por outro lado, sob a sua influência, várias mulheres evidenciaram o seu talento, como a modelo e cantora Nico e a artista Brigid Berlin, a quem Warhol atribuiu, em 1969, a autoria de todos os seus quadros.

“Ele idealizava e adorava as mulheres. Não era, de forma alguma, um misógino e muito menos paternalista. Sentia-se atraído por mulheres que não seguiam as regras impostas pela sociedade. O outro lado disso, é que Warhol aborrecia-se depressa e passava rapidamente para a próxima”, afirmou à mesma publicação o especialista em arte Gary Needham.

Andy Warhol, pseudónimo de Andrew Warhola, nasceu a 6 de agosto de 1928, em Pittsburgh, no estado americano da Pensilvânia. Era o mais novo de três irmãos de uma família de classe operária. É a cidade de Pittsburgh que detém o seu legado, através do Andy Warhol Museum.

Morreu a 22 de fevereiro de 1987, em Nova Iorque.

Imagem de destaque: Reuters