Nantes, antes que acabe

Capital da região francesa de Pays de la Loire, a meia hora do Atlântico e a duas horas de Paris, Nantes foi também Capital Verde da Europa há três anos, o que atesta a sua importante contribuição para um mundo melhor. Consta regularmente dos tops de qualidade de vida do país e é charmosa e divertida. Como se isso não chegasse, come-se muito bem! Sim, a dieta terá de ficar para a rentrée, mas é já em setembro…

Eis 10 motivos para se meter num avião com toda a família e ir desfrutar da iniciativa Voyage a Nantes (www.levoyageanantes.fr) que todos os verões anima a cidade – mas despache-se pois termina no fim do mês.

  1. Sorrir no jardim

O Jardin des Plantes possui mais de 10.000 espécies nos seus sete hectares. Consequentemente, proporciona todas as coisas boas de um passeio num espaço verde e, melhor ainda, reserva surpresas adoráveis. Claude Ponti, conhecido ilustrador e autor de livros infantis, foi convidado pelo quarto ano consecutivo a animar o espaço no âmbito da Voyage a Nantes. Um enorme pintainho feito de relva foi uma das suas criações em edições anteriores e ninguém resistia a espreitá-lo de perto, adultos inclusive, que faziam fila para tirar a selfie. Este ano há mais um ser fofinho espraiado no jardim…

  1. “Máquinas” que Verne adoraria

Miúdos e graúdos rendem-se às criações de Les Machines de l’Île, projeto que associa os mundos inventados de Júlio Verne (aqui nascido em 1828), o universo mecânico de Leonardo da Vinci e o passado industrial de Nantes. Resultado? Obras de arte mecanizadas como um elefante de 12 metros de altura, espécie de robô de metal e madeira que efetua pequenos passeios (tem capacidade para 50 pessoas) pelos antigos estaleiros navais. Ou o Carrossel dos Mundos Marinhos, onde os habituais “cavalinhos” dão lugar a peixes voadores e barcos no meio de tempestades que os passageiros movimentam, entre gargalhadas. Para celebrar o décimo aniversário, este ano há uma novidade em forma de aranha…

  1. Viagem no tempo

A poucos passos do quarteirão medieval, o Château des Ducs de Bretagne, que remonta ao século XV, alberga o museu da cidade. Na verdade, é um castelo-museu onde não faltam dispositivos multimédia: é possível, por exemplo, fazer uma visita à Nantes de 1757. Também provoca reações muito díspares, como a que se sente ao ver o “Código Negro”, regulamento da escravatura de Colbert, e os sorrisos perante o vídeo do artista Pierrick Sorin que traça a História local numa perspetiva muito bem-humorada.

  1. Arte contemporânea

Sem atrativos turísticos como muitas outras cidades francesas, os responsáveis municipais decidiram apostar na cultura e dessa aposta resultou um percurso de arte contemporânea designado Estuaire que se estende até à vizinha Saint-Nazaire. Les Anneaux, de Daniel Buren e Patrick Bouchain, no Quai des Antilles, é uma das obras; já o canal St. Félix acolhe Nymphéa, com a imagem da conhecida modelo e atriz Laetitia Casta projetada nas águas, qual ninfa do século XXI, só visível após o anoitecer. É obra de Ange Leccia, este ano convidado para expor na Hab Galerie, também no Quai des Antilles.

  1. Uma “cantina” especial

Na margem do rio Loire, todos os anos é criado em restaurante temporário, La Cantine du Voyage. Mesas corridas estimulam o convívio e a refeição sai muito barata: o menu único, com entrada, prato e bebida, custa 10€ ao almoço e 13€ ao jantar. O que é que se come? Saladas com ingredientes da zona e galinha criada no campo. Também tem bar, com bons mojitos, e há atividades para os mais novos, como o novo Skate ô Drome.

  1. O bar do 32º andar

Com os seus 144 metros de altura, a Tour Bretagne oferece uma excelente vista sobre a cidade. Lá no topo, dando acesso ao miradouro, fica situado o Nid, ou ninho, com um longo pássaro branco e mesas e cadeiras em forma de ovo. Trata-se de uma obra do artista gráfico Jean Jullien, mais uma integrada no percurso de Voyage a Nantes, e um bom lugar para beber um copo até às duas da manhã.

  1. Mantenha-se na linha

Não, não tem nada a ver com a dieta, antes com uma simples linha verde pintada no solo que leva os visitantes a descobrir as principais atrações da cidade ao seu ritmo, sem necessidade de guias ou aplicações de telemóvel. O itinerário inclui, além dos lugares já mencionados, a instalação sonora de Rolf Julius no edifício Manny, a fazer lembrar o mamute de A Idade do Gelo…; o trabalho de Jenny Holzer que faz desfilar os Direitos do Homem e outros textos legais na fachada do Palácio da Justiça, este assinado pelo reconhecido Jean Nouvel; mas também a Passage Pommeraye, galeria comercial usada por Jacques Demy como um dos cenários do seu filme Lola; Catedral Saint Pierre et Saint Paul, onde se destaca o túmulo de François II, obra-prima que Michel Colombe realizou já com 75 anos de idade, no início do século XVI. E há mais, muito mais.

  1. Coisas que convém não esquecer

Nantes é uma cidade considerada exemplar no que toca ao ambiente e muito apostada no futuro mas também preserva a memória de um passado dramático. No Quai de la Fosse, onde no século XVIII atracavam os navios cheios de escravos negros (este era o primeiro porto negreiro francês à época), foi inaugurado em 2012 o Memorial de Abolição da Escravatura. Constitui também uma homenagem aos que lutaram contra qualquer tipo de esclavagismo – e aos que o fazem hoje, considerando que existem milhões de pessoas em situação de escravatura no mundo, sobretudo mulheres.

  1. O que é que há para o jantar? É mistério!

Cansado de mudar a ementa regularmente e constatar que os clientes queriam comer sempre o mesmo, o chefe Christophe François, proprietário de Les Chants d’Avril, passou a dedicar-se apenas a menus-mistério (desde 22,5€): vai ao mercado, escolhe os melhores ingredientes do dia e depois cria refeições de fazer crescer água na boca. Os clientes têm apenas de comunicar eventuais restrições alimentares e, se não ficarem satisfeitos com algum prato, o chefe faz outro. Simples!

Outras boas sugestões de restaurantes estão disponíveis em www.lestablesdenantes.fr, guia de estabelecimentos testados por um júri e que permite pesquisar por critérios como “românticos” ou “crianças são bem-vindas”.

  1. Fábrica de cultura

Junto ao Canal Saint-Félix, a antiga fábrica de bolachas LU deu lugar, em 2000, ao Lieu Unique (www.lelieuunique.com), centro cultural onde todas as áreas artísticas, da música ao circo e da dança à literatura, têm lugar e cujo manifesto defende a abolição de fronteiras entre elas, assim como da separação entre o palco e o público. Também há noites animadas por DJs até às 4h00 e ateliers de danças como swing, com entrada livre.

 

Como ir: A Transavia (www.transavia.com) tem voos diretos por tarifas desde 37€ (ida). Dada a época alta, uma viagem de ida e volta rondará os 200€.

Onde dormir: O central Hotel Pommeraye (www.hotel-pommeraye.com) é bastante agradável e possui alguns quartos decorados por artistas locais. Diárias entre 59€ e 268€.

Passeios e visitas: O Pass Nantes dá acesso aos transportes públicos e permite visitar gratuitamente muitos locais de interesse. Custa 25€ (válido por 24 horas), 35€ (48 horas) ou 45€ (72 horas).

Mais informações:

www.nantes-tourisme.com

www.levoyageanantes.fr

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