As mulheres de António Guterres na ONU

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António Guterres escolheu, esta quinta-feira, três mulheres para fazerem parte de sua equipa, na ONU.

Uma delas, a nigeriana Amina Mohammed, é a nova secretária-geral adjunta, o que vem confirmar o anúncio feito pelo novo secretário-geral da organização, nas primeiras declarações à imprensa portuguesa após a sua eleição para o cargo.

“Quando propuser um secretário-geral adjunto será uma mulher. É a minha firme intenção que seja uma mulher”, afirmou Guterres, na altura, acrescentando que “é normal em termos de paridade que, se o secretário-geral for um homem, a secretária-geral adjunta seja uma mulher e que se a secretária-geral for uma mulher que o secretário-geral adjunto seja um homem”, o que não aconteceu no mandato de Ban Ki-moon, que nomeou o sueco Jan Eliasson para o lugar.

O cargo foi criado em 1998 e a primeira pessoa a ocupá-lo foi uma mulher, a canadiana Louise Fréchette. Era então secretário-geral da ONU Kofi Annan.

Além de escolher para nova secretária-geral adjunta Amina Mohammed, Guterres nomeou a brasileira Maria Luiza Ribeiro para chefe de gabinete e a sul-coreana Kyung-wha Kangé para o novo cargo de assessora especial para a área da política.

As três mulheres nomeadas por António Guterres para apoiarem o seu trabalho como secretário-geral nos próximos cinco anos refletem não apenas a ideia de paridade, mas também a de diversidade geográfica. África, América Latina e Ásia são as regiões que cada uma delas representa.

“Estas indicações são o alicerce da minha equipa, que continuarei a construir, respeitando meu compromisso de igualdade de género e diversidade geográfica”, afirmou Guterres.

No fundo, com estas nomeações o novo secretário-geral tenta cumprir dois dos grandes desígnios manifestado pela liderança anterior, compensando, desde logo, o facto de a sua eleição ter afastado a possibilidade de ser uma mulher a assumir o mais alto cargo da ONU, como era vontade de Ban Ki-moon – o atual secretário-geral, que termina o mandato no final deste ano – e de outras potencias internacionais, como a Rússia e Alemanha.

Quem são as mulheres que vão estar com Guterres à frente da ONU?

Amina Mohammed
Fotografia: Mark Garten/UN Photo

Amina Mohammed, a recém-nomeada secretária-geral adjunta, é a atual ministra do Ambiente da Nigéria e nas Nações Unidas desempenhou a função de assessora especial de Ban Ki-moon para o Desenvolvimento Sustentável, um cargo fundamental para a promoção da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Antes de entrar na ONU, Amina Mohammed fez parte de três administrações seguidas na Nigéria, atuando como assessora especial para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Nesse período desenvolveu trabalho em áreas como o reforço do setor público e do desenvolvimento sustentável e coordenando intervenções para a redução da pobreza.

Nascida em 1961, e educada na Nigéria e no Reino Unido, Amina Mohammed é casada, tem seis filhos. À vida familiar e aos cargos no governo nigeriano e na ONU soma também a atividade de professora adjunta de Práticas de Desenvolvimento na Universidade da Columbia, nos Estados Unidos, e é ainda consultora de diversas entidades internacionais.

Maria Luiza Ribeiro Viotti
Fotografia: Rick Bajornas/UN Photo

Maria Luíza Ribeiro Viotti, escolhida para chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, é atualmente subsecretária para a Ásia e Pacífico do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil, onde é responsável pelas relações do país no grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Diplomata de carreira desde 1976, foi embaixadora na Alemanha, entre 2013 a 2016, na Bolívia, entre 1993 e 1995. Serviu na missão do Brasil nas Nações Unidas, em Nova Iorque, sendo representante permanente do país de 2007 a 2013 e tendo chefiado a delegação do Brasil junto do Conselho de Segurança em 2010 e 2011, que presidiu em fevereiro desse último ano.

Economista graduada na Universidade de Brasília, nasceu em 1954, é casada e tem um filho.

Kyung-wha Kang
Fotografia: Manuel Elias/UN Photo

A sul-coreana Kyung-wha Kangé, chefe da equipa de transição do novo secretário-geral e futura assessora especial de António Guterres para a área da política, trabalhava como assistente do ainda secretário-geral Ban Ki-moon para os assuntos humanitários e como coordenadora para a assistência em situações de emergência, desde 2013. Entre 2007 e esse ano assumiu o cargo de vice alto-comissária para os Direitos Humanos. Antes disso, tinha servido na missão permanente da Coreia do Sul na ONU, de setembro de 2001 a julho de 2005, quando presidiu a Comissão de Status de Mulheres.

No seu país, foi diretora-geral para Organizações Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comércio. Nascida em 1955, licenciou-se em Ciência Política e Diplomacia e doutorou-se em Comunicação Intercultural pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. É casada e tem três filhos.

Foram os currículos profissionais e políticos destas três mulheres que levaram António Guterres a nomeá-las para a sua equipa mais restrita, como o próprio fez questão de sublinhar.

“Estou muito feliz por contar com os esforços de três mulheres altamente competentes, que escolhi pela sua forte experiência em assuntos internacionais, desenvolvimento, diplomacia, direitos humanos e ação humanitária”, afirmou.

António Guterres toma posse como secretário-geral das Nações Unidas a 1 de janeiro de 2017, na sede a organização, em Nova Iorque.


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