Aprenda a ouvir as suas pernas, pode não ser só cansaço

A sensação de pernas pesadas e inchadas podem ser sintoma de algo mais do que um simples cansaço. Muitas vezes são sinal de doença venosa crónica, patologia que se estima que afete, em Portugal, cerca de dois milhões de mulheres com mais de 30 anos.

Para sensibilizar a população nacional para este problema e promover um tratamento atempado das situações, a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) lançou a campanha “Alerta Doença Venosa – Dê mais atenção ao que as suas pernas lhe dizem”.

O objetivo é dar a conhecer as manifestações da doença e alertar para os sintomas mais comuns, como a sensação de cansaço ou de pernas pesadas, inchadas e/ou doridas. (Veja quais os outros sintomas na nossa fotogaleria, em cima).

O desempenho de algumas profissões podem aumentar o risco de desenvolver a patologia, e com o calor e a permanência na mesma posição, durante muito tempo, podem surgir edemas venosos, que são inchaços que, por regra, se concentram na região do tornozelo e que são dolorosos e incapacitantes, podendo com o tempo tornar-se crónicos.


Em Portugal, estima-se que dois milhões de mulheres, com mais de 30 anos, sofram de doença venosa.


Segundo a definição da SPACV, “a doença venosa é uma patologia crónica e evolutiva, que afeta as veias das pernas que transportam o sangue até ao coração“. As alterações venosas mais comuns incluem telangiectasias e varizes reticulares (normalmente designadas por “raios” ou “derrames”), as varizes tronculares (veias varicosas salientes), as pernas inchadas (edema) e alterações da pele e/ou úlcera venosa.

O diagnóstico precoce, como em quase todas as doenças, é fundamental para o sucesso do tratamento. Ainda que numa fase inicial possam não ser visíveis alterações nas pernas, mas já existam sintomas, como o cansaço e ou inchaço, com a evolução da patologia, surgem as telangiectasias (“derrames”) e as varizes.

“As varizes podem estar associadas a complicações potencialmente graves como tromboflebites, que podem, no limite, evoluir para uma embolia pulmonar ou ainda situações de hemorragia por rotura de uma variz”, lembra a SPAC.

As mulheres, no geral, são afetadas por esta patologia, mas há outros fatores que podem potenciar o seu aparecimento, como a gravidez, a idade, a predisposição familiar ou a obesidade.

O exercício físico ajuda a prevenir as doenças venosas. Dependendo da gravidade do problema, o tratamento pode passar por medicamentos venoativos orais (comprimidos específicos), pela utilização de meias elásticas ou através da escleroterapia (Secagem de pequenas varizes com injecção de um agente químico dentro da veia) e intervenção cirúrgica.

Mas a SPACV alerta: “Independentemente do tratamento indicado é recomendável manter uma vigilância regular, pois a doença venosa é crónica e evolutiva, necessitando de cuidados médicos continuados”.