As mulheres preferem homens mais novos?

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Não é científico, mas é cada vez mais habitual, vermos mulheres acompanhadas por homens mais novos. Talvez não exista nenhuma mudança nesta preferência; não é preciso problematizar a origem deste comportamento, provavelmente é apenas um sinal dos tempos menos críticos em que vivemos.

Muitas mulheres preferem-nos mais novos, porque agora podem. Ainda que continuem, por vezes, a ser ostracizadas socialmente quando apresentam um par mais jovem, a crítica nunca é frontal, não passando, tantas vezes, de um olhar paternalista onde se pode ler: “coitada, é uma fase, passa-lhe.” Fantasiam-se argumentos sérios, tenta-se arranjar uma espia: a separação, a solidão prolongada, o não querer um compromisso, etc.

Quando o argumento pela escolha de alguém mais jovem pode ser tão simples: a aleatoriedade. Ninguém se apaixona pela idade da pessoa, mas pela pessoa. Falta muito ainda para as mulheres receberem a equidade de juízo social, aquela benevolência apaziguadora com que se aceita ver um homem maduro acompanhado por uma universitária imberbe. Não é raro pressentir-se os diversos balões de pensamento na claque masculina um invisível coro: “boa, dude, conseguiste sacar uma miúda”.

Razões Humorísticas

Há várias razões óbvias para as mulheres se sentirem atraídas por homens mais jovens. Em jeito de humor, uma revista brasileira on-line, Diário do Centro do Mundo (2016), um artigo dava às leitoras 15 Razões para preferirem homens mais novos: 1. São mais divertidos; 2. Não se queixam da vida como os homens velhos; 3. Têm espírito de aventura. Querem escalar uma montanha e dormir numa tenda, enquanto que os homens velhos querem ir para hotéis de luxo; 4. Mexem com facilidade e graça no computador, uma máquina que faz os homens velhos parecerem mais velhos ainda ao pedir ajuda, por causa de alguma coisa que não entenderam; 5. Não têm cabelo no nariz; 6. Não ouvem Frank Sinatra, Beatles (sei que gostam, desculpem) e outros sons da Antiguidade; 7. Dançam; 8. Não reclamam de dores reumáticas, nem do frio ou do calor; 9. Sabem menos que elas, o que lhes dá poder; 10. Não falam de política e nem de economia; 11. Na cama, fazem coisas que o seu ex-marido nem sabe que existem; 12., 13. e 14. Provocam inveja nas suas amigas; 15. Não roncam. Dando a devida distância à caricatura que o humor exige, algumas das razões não deixam de estar perto da verdade. Sobretudo, os argumentos que se relacionam com a energia sexual e a adrenalina das novidades.

Argumentos sexuais

Uma das razões que pode levar as mulheres a preferirem homens mais novos estará ligada à disposição para o sexo. Daí a escolha por alguém que está no auge de seu desempenho físico. As mulheres mais experientes, desde que gostem de sexo, normalmente continuam a ter a mesma disposição da juventude. Portanto, faz sentido esta compatibilidade de disponibilidade sexual, em que a mulher traz a experiência a alguém que lhe dará energia para realizá-la. Ainda sobre a questão sexual, este tipo de ligação costuma gerar um menor stress na mulher e interferir menos no desejo desta, permitindo-lhe viver situações mais criativas e estimulantes. Muitas vezes, as mulheres mais velhas já superaram preconceitos e ficaram disponíveis para viverem situações novas, algo que alguém mais jovem poderá proporcionar, pois encontra-se numa fase curiosa e enérgica da vida.

A verdade é que os motivos para alguém preferir outra pessoa mais nova são vários e pessoais, é impreciso tentar padronizar segundo o critério da idade. À pergunta, ‘As mulheres preferem homens mais novos?’, relativa às preferências amorosas e/ou sexuais, deverá acrescentar-se várias e inúmeras possibilidades: ‘As mulheres preferem mulheres mais novas?’; ‘As mulheres preferem pessoas mais velhas?’; e etc. Ou seja, tudo é possível neste contexto. Valerá a pena, e unicamente, levantar questões e constatar alguns factos.

Sexo, idade e política suja em França

French Economy Minister Emmanuel Macron (L) and and his wife Brigitte Trogneux attend the Bastille Day military parade on the Champs-Elysees in Paris, France, July 14, 2016. REUTERS/Charles Platiau - RTSHVPR
Candidato nas Presidenciais, Emmanuel Macron e a mulher Brigitte Trogneux, em 2016. O político francês foi alvo de acusações de adultério. (REUTERS/Charles Platiau)

Esta semana, os jornais franceses encheram-se de paragonas que davam conta de um caso homossexual e extraconjugal de Emmanuel Macron, candidato independente às Presidenciais francesas deste ano e que, com a descoberta do favorecimento de familiares de François Fillion, se tinha tornado repentinamente no candidato favorito na segunda volta, ultrapassando a candidata Marine Le Pen que é a vencedora clara da primeira volta, de acordo com todas as sondagens.

O adultério foi entretanto desmentido pelo próprio. Na verdade, foi a segunda vez que Macron teve de dar explicações sobre as suas preferências sexuais. Já em novembro de 2016 esses rumores tinham sido lançados, numa tentativa de denegrir a imagem do ex-ministro da economia francês. O jogo sujo das notícias falsas está a preocupar os comentadores políticos e em vários meios têm surgido acusações à Rússia. Parece que Putin quer influenciar o tabuleiro político – como terá feito nos EUA – e colocar no Eliseu o candidato que lhe dá mais espaço de manobra e que no caso francês é Le Pen. O processo está explicado no DN, no texto Macron, o alegado amante e o papel dos media russo.

O que falta explicar é a razão de ser de tal acusação. A propaganda anti-Macron joga no campo das conceções do mundo tradicional. E nesse mundo, a probabilidade de um homem de 38 anos gostar de uma mulher de 63 ainda é muito remota. A capacidade que ela terá de o satisfazer sexualmente é ainda menor nas mesmas cabeças. E a conclusão a que chega quem tem esses preconceitos conservadores é só uma: um homem viril está casado com uma mulher muito mais velha porque tem algo sórdido a esconder. Se esse homem viril for bem parecido… esconde que é gay. Fosse Macron casado com uma mulher mais nova a acusação de extra-conjugalidade homossexual seria verosímil?