A Política dos cabelos curtos

O que têm Hillary Clinton, Christine Lagarde, Assunção Cristas e a Rainha Elizabeth II, em comum?! Todas têm cabelo curto e ocupam cargos de poder. Os exemplos não se ficam por aqui, também Theresa May e Angela Merkel seguem a tendência da política dos cabelos curtos.

O fenómeno não é novo, já Elizabeth I cortou o seu cabelo ruivo quando rebentou a guerra entre Inglaterra e Espanha (1585-1604), altura em que precisava de reforçar a sua imagem de poder. Também a guerreira mais famosa da História usava o cabelo curto, mas esta porque tinha de se disfarçar de homem para poder combater. Falamos de Joana D’arc que é um dos mais fortes símbolos da força feminina e talvez seja o seu cabelo a grande inspiração para os cabelos curtos das mulheres poderosas.

 Margaret Thatcher, Reuters
Margaret Thatcher, Reuters

The iron lady, que é como quem diz Margareth Tatcher, é uma das (se não a) imagens mais fortes que temos de uma mulher no poder e também ela usava o cabelo curto e muito armado. Tal como toda a nossa imagem, também o corte de cabelo transmite mensagens aos outros. Quando se quer disfarçar uma mulher de homem, a primeira coisa que se faz é prender-lhe o cabelo, porque este é um dos maiores símbolos de feminilidade no nosso corpo. Se pensarmos nisto não se torna difícil compreender que uma mulher que trabalhe num meio de homens corte o cabelo como forma de se tornar mais igual aos seus pares e mais respeitada.


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Para além deste fator igualitário, a decisão de cortar o cabelo é vista como um ato corajoso, por ser uma mudança radical, conferindo às mulheres de cabelo curto uma imagem mais forte, decidida e destemida. De acordo com um estudo promovido pela empresa Procter and Gamble (dona da Pantene e da Head & Shoulders, entre outras marcas) as mulheres de cabelo curto parecem mais inteligentes e confiantes.

Por tudo isto usar cabelo curto quando se ocupa um cargo de chefia parece ser uma opção consensual. No livro ‘The Woman’s Dress for Sucess’, publicado em 1978, as senhoras que querem ter uma carreira profissional bem-sucedida são aconselhadas a ter no máximo até aos ombros e no caso de ser curto a ter cuidado para que não se torne masculino. Existem estudos que sugerem que as mulheres com o cabelo comprido e muito arranjado passam uma imagem vaidosa e de quem perde mais tempo com a imagem do que com o trabalho.

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Página do livro “The Woman’s Dress for Sucess Book”

Seja qual for o motivo o que é facto é que a esfera do poder está, cada vez, com mais representação feminina, mas ainda assim continua a cortar o cabelo “à rapaz”. Já Tess Macgill no filme de 1988 “Uma mulher de sucesso” dizia que se queria ser levada a sério, tinha de ter um corte de cabelo sério, e pelos visto tinha razão!