Candidata presidencial moldava criticada por ser solteira

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Maia Sandu, a candidata às eleições presidenciais na Moldávia, está a ser alvo de críticas sexistas por algumas figuras do seu país, por ser solteira. A economista de 44 anos, que foi Ministra da Educação da Moldávia entre 2012 e 2015, enfrenta este domingo o seu rival, Igor Dodon, na segunda volta das eleições.

A candidata do partido liberal Acțiune și Solidaritate, que defende uma “Moldávia europeia” – ao contrário do seu oponente, pró-russo, foi esta semana criticada pelo ex-presidente daquele país, Vladimir Voronin, que ocupou o cargo entre 2001 e 2009. “Ela não é casada, embora saiba como funcionam as regras do protocolo presidencial: a primeira aparição ao público depois das eleições deve ser feita ao lado do companheiro ou companheira”, disse o ainda presidente do partido comunista moldavo a um canal de televisão.

E não se ficou por aí: “As pessoas que votarem em Sandu vão cometer um grande erro. Mais ainda. Será uma traição aos valores de família”, acrescentou Vladimir Voronin, frisando que se recusa, até, a apertar a mão à candidata presidencial. “Ela é um alvo de gozo, significa o pecado e a desgraça nacional da Moldávia”, concluiu o ex-presidente.

Nicolae Vladimirovici Mihăescu, um dos líderes da igreja ortodoxa na Moldávia, também se juntou às críticas à candidata presidencial, tendo referido, como exemplo, a inclusão do livro de educação sexual ‘Sex Life’, nas bibliotecas nacionais por parte de Maia Sandu, quando esta era Ministra da Educação. Segundo o bispo Nicolae, o livro é “nocivo”.

Segundo o ‘Huffington Post’, a possível próxima presidente da Moldávia já reagiu aos comentários sexistas em torno da sua vida amorosa que nada tem a ver com a sua postura na política, e questionou, de forma irónica:

“Nunca pensei que ser uma mulher solteira era um motivo de vergonha. Se calhar, só o facto de eu ser uma mulher, já é um pecado.”

Na primeira volta das eleições presidenciais, de resto, no final de outubro, Maia Sandu conquistou 38,42% dos votos dos moldavos, surpreendendo pela subida face às sondagens. Igor Dodon reuniu o maior número de apoiantes, tendo recolhido 48,23% dos votos. Do restantes sete candidatos ao cargo, apenas um outro, o pró-russo Dmitri Tchoubachenko, ultrapassou os 5% de votos, o que mostra que a população está dividida entre Sandu e Dodon.

Esta é a primeira vez, em quase vinte anos, que os moldavos têm a oportunidade de escolher o seu próprio presidente – desde 1997 que tem sido eleito pelo Parlamento.