Clara Silva: “O difícil é ficar em Portugal e encarar a corrupção todos os dias”

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Portugal atravessava a já conhecida crise económica quando Clara Silva, hoje com 28 anos, deixou Portugal rumo à promessa de uma vida profissional melhor.

Movida pela curiosidade, mas também empurrada pelas difíceis circunstâncias profissionais que o país oferecia a quem tinha concluído um curso superior há pouco tempo, esta técnica de Oftalmologia foi trabalhar para a Noruega. Tudo isto aconteceu há quatro anos.

Clara Silva, atualmente a viver em Oslo, crê que, ao emigrar, “escolheu o caminho mais fácil”. Porquê? Porque “o difícil é ficar e encarar isto [a corrupção] todos os dias”.

Hoje, apesar de se dizer “apaixonada pelo sol de Portugal e pelo coração quente dos portugueses”, não vê a sua vida em território nacional.

Leia o testemunho dado ao Delas.pt a propósito do dia do Emigrante, e que se assinala este domingo, 13 de agosto.

“Tenho 28 anos e trabalho como técnica de Oftalmologia na Noruega há quatro anos.

Sempre existiu alguma curiosidade da minha parte em saber como era trabalhar no estrangeiro. E esta vontade, aliada à instabilidade económica que se fazia sentir, em 2013, devido à crise, transformaram-se nas razões ideais para emigrar. Vim à Noruega fazer uma entrevista de emprego e, passados três meses, voltei para começar a trabalhar.

Inicialmente, comunicava apenas em inglês, o que tornava tudo um pouco complicado. É sabido que quase todos os noruegueses falam inglês, mas, no que toca à saúde, é importante comunicar na língua nativa. Assim sendo, tornou-se uma prioridade aprender a língua o mais depressa possível.

A capital norueguesa vista do topo da Ópera de Oslo [Fotografia: DR]

Senti bastante apoio, por parte dos colegas, na aprendizagem da língua. Sinto-me agradecida e não considero que a minha adaptação tenha sido difícil neste aspeto.

Apesar de ser apaixonada pelo sol de Portugal e pelo coração quente dos portugueses, neste momento não pondero voltar a Portugal. Identifico-me e sinto-me integrada nesta sociedade. Fascina-me a forma como a igualdade de direitos e de deveres, tanto pessoais como profissionais, é encarada por aqui.

Deixa-me profundamente triste ver tanta corrupção em Portugal e acho que temos um longo caminho a percorrer neste sentido. Se há solução? Não sei. Mas como digo aos meus amigos e família: eu escolhi o caminho mais fácil, emigrar e tentar uma vida melhor. O difícil é ficar e encarar isto todos os dias.”

Fotografia: DR