Clinton admite que derrota é dolorosa

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[Krista Kennell / Shutterstock.com]
  • A candidata democrata às presidenciais norte-americanas, Hillary Clinton, afirmou esta quarta-feira que a derrota “é dolorosa”, mas instou os seus apoiantes a “aceitarem os resultados” e que “Donald Trump é o Presidente”. Disponibilizou-se, inclusivamente, a trabalhar ao lado do novo presidente norte-americano.

“Eu sei que se sentem desapontados, porque também me sinto assim, tal como milhões de americanos que investiram os seus sonhos e esperanças neste esforço”, afirmou.

Falando publicamente pela primeira vez desde que foi conhecida a vitória do candidato republicano, Clinton frisou a importância de todos defenderem “valores comuns” como o primado da lei, a igualdade e a não-discriminação.

Um discurso emocionado onde não faltaram mensagens de encorajamento para as jovens e para as mulheres no mundo da política e na luta pelo que acreditam ser as causas mais justas. “A todas as mulheres, em especial as jovens, que acreditaram em mim, quero dizer-vos que nada me deixa tão orgulhosa como ter sido a vossa campeã”, declarou.

Hillary Clinton lidera votação popular

Há já duas horas que o mundo estava em suspenso, à espera da primeira reação de Hillary Clinton à derrota nas presidenciais norte-americanas. Com uma declaração marcada para as 14h30, hora de Lisboa, a partir de um hotel em Manhattan, o compasso de espera alongou-se e o ruído começava a ser ensurdecedor. Afinal, o discurso de vitória de Trump já tinha sido há mais de oito horas.

Um compasso que se pode explicar pela eventual intenção de Clinton em aguardar pelos resultados finais dos votos populares, e que lhe estão a dar vantagem sobre Trump.

Hillary Clinton perdeu o colégio eleitoral e, consequentemente, a presidência, mas ao que parece a candidata norte-americana parece estar a ganhar no voto popular. Contas feitas e, até há cerca de uma hora, Clinton já somava mais de 160 mil votos de diferença, contando 59 344 081, face a Donald Trump. As estimativas avançadas pela imprensa norte-americana apontavam até para vitória de Hillary junto do voto popular (47,6 % face a 47,5%) com uma diferença de 1 por cento.

Como é que isto é possível? Simples. Clinton venceu na California e em Nova Iorque, dois dos estados com mais eleitores, por margens bastante alargadas, mas que acabaram por não se traduzir no número de votos eleitorais. Em contrapartida, Trump conquistou alguns estados – como o Texas – por uma apertada diferença, mas, ao fazê-lo, obteve todos os votos eleitorais disponíveis.

Se esta realidade se mantiver, então Hillary viverá uma situação muito semelhante à que sucedeu com Al Gore face a George W. Bush, em 2000. O primeiro obteve um maior número de votos populares, mas foram os republicanos que acabaram por chegar à Casa Branca.

Hillary torna-se, assim, na quinta candidata a quem isto sucede na história das eleições norte-americanas. Todos os casos anteriores decorreram ao longo do século XIX: Benjamin Harrison (1889–1893), Rutherford B. Hayes (1877-1881) e John Quincy Adams (1825 -1829).


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De recordar que Donald Trump tornou-se ontem à noite no 45º presidente dos Estados Unidos da América, acumulando 276 votos eleitorais, face a 218 recolhidos pela candidata norte-americana. Os republicanos conquistaram o Senado, obtendo os votos requeridos, e a Câmara dos Representantes, por uma vantagem mais confortável


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