Como chegou Portugal ao Europeu de futebol feminino?

Seleção feminina
Fotografia de Pedro Rocha / Global Imagens

A 24 de outubro de 1981 realizou-se, pela primeira vez, o primeiro jogo de futebol feminino oficial em Portugal. Só mais de 30 anos depois a seleção portuguesa chega ao Europeu. Por que foi necessário tanto tempo para Portugal estar numa competição que reúne as melhores equipas da Europa? A resposta é simples.

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Um pouco por todo o mundo, o futebol feminino está longe de ser a maior aposta de clubes e federações. No entanto, em países como a Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos o investimento nas mulheres que jogam à bola começou bem mais cedo do que em Portugal, onde só na última época se notou um aumento, digno de registo, do número de clubes inscritos no campeonato nacional, da assistência nos estádios e número de praticantes, que já ultrapassou as quatro mil. Mudanças que tiveram também efeitos na cobertura mediática: os jogos do campeonato e da Taça Portugal passaram a ser transmitidos na televisão.

Em outubro do ano passado, contrariando todas as estatísticas, as mulheres da equipa das quinas conseguiram ocupar a última vaga para o Euro 2017 após um empate com a Roménia. Valeu-lhes o golo de Andreia Norton, após o prolongamento, no jogo da segunda mão do ‘play-off’.

Na Holanda desde sábado, as internacionais portuguesas têm os pés bem assentes no chão. Sempre que lhes perguntam quais são as expectativas para este primeiro Europeu respondem que querem dar o melhor de si, dignificar a camisola e, sobretudo, aproveitar ao máximo cada dia deste sonho que tanto lhes custou a alcançar. Não esperam repetir o feito surpreendente da seleção masculina no Euro 2016, mas também não escondem que existe a hipótese de deixarem alguns de boca aberta.

“Muitas seleções não estariam à espera que nós conseguíssemos o feito de estar no Europeu. Podemos ter o fator-surpresa, mas isso não é o mais importante para nós. O mais importante é conseguir jogar o nosso futebol, mostrar a nossa qualidade e afirmarmo-nos no futebol feminino internacional”, explicou Diana Silva, no mês passado, à agência Lusa.

Um Europeu recheado de estreias

O Europeu deste ano marca a primeira vez de Portugal na competição, mas a equipa comandada por Francisco Neto não é a única estreante. Também a Escócia, Bélgica, Áustria e Suíça vão jogar pela primeira vez.

Do grupo de Portugal fazem parte a gigante Inglaterra, a difícil Espanha e a estreante Escócia. Anna Signeul, selecionadora da equipa escocesa e antiga futebolista sueca, até já veio definir este grupo “como o mais difícil”. A Alemanha, campeã europeia por oito vezes – 1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 e 2013 – é a favorita à vitória.

Francisco Neto também não espera facilidades e afirmou que a sua equipa ainda está a sofrer as consequências de 10 anos sem marcar presença em competições internacionais.

“Não há dúvidas, foram dez anos sem competições internacionais, são dez anos e não há nada que chegue a isso, esse grupo de jogadoras que não teve acesso a esse contexto internacional, como é lógico partimos um bocadinho em atraso”, acrescentou o selecionador nacional.

O Europeu de futebol feminino vai prolongar-se até ao dia 6 de agosto. A seleção nacional entra em campo amanhã, quarta-feira, dia 19.