Como as famosas lidaram com a ansiedade e depressão

A ansiedade afeta naturalmente as mulheres que permanecem na esfera pública e cuja exposição mediática faz parte do quotidiano. Personalidades femininas conhecidas da praça pública, em diferentes momentos da sua vida, passaram por momentos em que este transtono provou ser uma barreira, chegando até à depressão. A ‘NY Mag’ reuniu depoimentos de algumas dessas mulheres, da princesa Diana a Miley Cyrus e Cara Delevingne, passando pela autora dos livros de ‘Harry Potter’, J. K Rowling.

Princesa Diana, em entrevista à BBC1, em 1995

“Eu encontrava-me mal com uma depressão pós-natalícia, algo de que ninguém fala… e esse mesmo facto tornou a situação num momento difícil. Acordas de manhã sem vontade de sair da cama, sentes-te incompreendida e muito, muito em baixo. Talvez tenha sido a primeira pessoa nesta família a sofrer de uma depressão ou que tenha mostrado o sofrimento abertamente. E claro que isso foi assustador, porque se nunca viste isso antes como é que é suposto ajudares essa pessoa? A depressão deu a toda a gente um maravilhoso novo rótulo – A Diana instável e a Diana mentalmente desequilibrada. E infelizmente isso pegou e foi ficando ao longo dos anos”.

“Quando ninguém te dá atenção, ou quando tu achas que ninguém te ouve, todo o tipo de coisas começam a acontecer. Por exemplo, tens tanta dor dentro de ti que começas a magoar-te por fora porque queres ajuda, mas essa é a forma errada de o fazer. As pessoas acham que estás a querer ser o centro das atenções e acham que por estares nas notícias a todas as horas tens atenção suficiente. Mas, na verdade, eu queixava-me porque queria ficar melhor de forma a seguir em frente e continuar com o meu dever e o meu papel como mulher, mãe e princesa de Gales. Portanto, sim, magoei-me a mim própria. Eu não gostava de mim, estava envergonhada porque não conseguia lidar com a pressão.”

J.K. Rowling, em declarações no programa ‘The Oprah Winfrey Show’, em 2010

“Acho que tive inclinações para estar deprimida desde que era muito jovem. Tornou-se mais evidente quando eu tinha 25 anos e até fazer 28 foi um período bastante sombrio. É aquela ausência de sentimento – e até a ausência de esperança de te sentires melhor. É tão difícil descrever a situação para alguém que nunca se sentiu assim…. porque não se trata de tristeza. Tristeza, eu sei o que é, e não é uma coisa má. Chorarmos e termos sentimentos. Mas é essa ausência fria de sentimento – estás privada de sentimento. E foi por causa da minha filha que eu recorri a ajuda profissional.”

Miley Cyrus, em entrevista à ‘Elle’, em 2014

“A depressão é muito mais um problema do que o que as pessoas estão dispostas a falar, porque as pessoas não sabem falar sobre estar deprimido – é completamente normal sentirmo-nos tristes. Passei por uns tempos em que me sentia realmente deprimida. Como quando me tranquei no meu quarto e o meu pai teve de arrombar a porta. Esse momento foi numa altura em que eu tinha anomalias na pele e sentia que gozavam comigo por causa disso. Mas nunca estive deprimida por causa da forma como outras pessoas me poderiam fazer sentir. Simplesmente estava deprimida. Falar com alguém ajuda sempre. Sou contra o recurso a medicamentos mas algumas pessoas precisam de químicos, e houve uma altura em que eu precisei também. Algumas pessoas olharam para a minha depressão como uma forma de ingratidão, mas não tinha nada a ver com isso – eu não podia evitar. Não há muita coisa que guarde só para mim, e o universo deu-me tudo para que eu pudesse ajudar as pessoas transmitindo-lhes que elas não têm de ser algo que não são ou que não têm de fingir que estão felizes. Não há nada pior do que isso.”

Cara Delevingne, em declarações à Vogue, em 2015

“Isto é algo sobre o qual não falei abertamente antes, mas é uma grande parte do que sou. De repente, fui atingida por uma onda de depressão, ansiedade e ódio próprio gigande, em que os meus sentimentos eram tão doloroso que eu batia com a cabeça contra as árvores e desmaiava. Nunca me cortei, mas cheguei a arranhar-me de tal modo que comecei a sangrar. Só queria desmaterializar-me e que depois alguém me varresse. Eu achava que se queria representar, tinha de terminar a escola, mas estava de tal maneira que não conseguia acordar de manhã. A pior coisa era que eu sabia que era uma rapariga afortunada, e o facto de que eu preferia estar morta… sentes-te tão culpada por ter esses sentimentos… e é um círculo vicioso.”

Kate Moss, em entrevista à ‘Vanity Fair’, em 2012

Tive um esgotamento quando tinha 17 ou 18 anos, quando tive de trabalhar com Marky Mark e Herb Ritts. Não me sentia eu própria, de todo. Sentia-me muito mal por ter de interagir com aqueles tipos bonitos. Não gostei da situação. Não consegui sair da cama durante duas semanas. Achava que ia morrer. Então fui ao médico e ele disse que me ia receitar Valium [tranquilizante] e aí a Francesca Sorrenti [fotógrafa], graças a Deus, disse ‘ não vais tomar nada disso’. Era apenas ansiedade. Ninguém toma conta de ti mentalmente. Há uma pressão enorme para fazeres aquilo que é suposto fazeres. Era muito jovem e ia trabalhar com o Steven Meisel. Era tudo muito estranho – uma limusina vir-te buscar depois do trabalho. Não gostava disso. Mas era trabalho e tive de o fazer.”

Kristen Stewart, em entrevista à ‘Marie Clarie’, em 2015

“Entre os 15 e os 20 anos a minha vida foi bastante intensa. Estava constantemente com ansiedade. Era um pouco controladora obsessiva. Se eu não soubesse como é que uma situação se iria desenrolar, passava mal, fechava-me, ou ficava pouco à vontade de forma muito intensa. A certa altura, deixas isso ir embora e devolves-te à vida. Finalmente consegui controlar esse aspeto e ter uma vida. Vivi tempos difíceis para alguem tão jovem mas saí dessa situação mais forte. Tenho uma capacidade de preserverança que não tinha antes. É como se caísses de cara com toda a força que da próxima vez a tua reação seria: ah, e então? Já caí antes.”

Gloria Steinem, no livro My Live on the Road, de 2015

“Costumava chorar quando ficava enervada, depois tornou-se difícil explicar por que é que estava irritada. Depois descobri que era algo intrínseco e comum às pessoas do sexo feminino. A raiva é um sentimento que é suposto ser ‘não feminino’, portanto nós tendemos a suprimir – até transbordar. Pude aperceber-me de que não comunicar fez a minha mãe sentir-se pior. Esta foi a primeira deixa para me aperceber de que depressão é raiva direcionada para dentro, portanto as mulheres têm o dobro da probabilidade de se sentirem deprimidas.”

Kristen Bell, em entrevista no programa ‘Off Camera With Sam Jones’, em 2016

“Quando tinha 18 anos, a minha mãe disse ‘se começares a sentir que as coisas à tua volta estão a ficar destorcidas, e sentes que não há luz à tua volta, e estás paralisada com medo, o que está a acontecer é isto e esta é a maneira de te ajudares a ti própria.’ E sempre tive um diálogo aberto e honesto sobre isso, especialmente com a minha mãe, algo pelo qual estou muito grata, porque tens de conseguir lidar com a situação. Apresento-me como uma pessoa alegre, mas também faço muita reflexão introspetiva e avalio quando preciso de fazer exercício. Tenho uma receita de um medicamento que comecei a tomar quando era muito jovem e ainda hoje o tomo. Não tenho vergonha nisso porque a minha mãe disse-me que se me começasse a sentir dessa forma, eu devia consultar um médico, um psicólogo e ver como quero ajudar-me a mim própria. E se, de facto, decides estar sob o efeito de medicamento, é preciso perceber que o mundo vai querer envergonhar-te por isso, mas a comunidade medica nunca negaria insulina a um diabético. É interessante ver estas duas atitudes tão diferentes, das quais não falo muito frequentemente, mas não tenho qualquer vergonha nisso.”

Kerry Washington, em entrevista à ‘Glamour’, em 2015

“Digo-o publicamente [que recorreu a um médico] porque acho que é verdadeiramente importante eliminar o estigma que envolve a saúde mental. O meu cérebro e o meu coração são mesmo importantes para mim. Não percebo por que razão não haveria de procurar ajuda para manter essas duas coisas tão saudáveis como os meus dentes. Eu vou ao dentista, portanto por que não hei de ir ao psicólogo?”

Brooke Shields, no livro ‘Down Came the Rain’, sobre a depressão pós-parto, de 2005

“Se achas que podes estar a sofrer de algum tipo de distúrbio de humor pós-parto ou se estás consciente de uma condição preexistente na tua vida que pode lidar a isso, NÃO PERCAS TEMPO! Procura ajuda logo. Não tenhas vergonha e não negligencies o que sentes. É melhor ser-se proativa. A depressão pós-parto é perfeitamente tratável e há muitas maneiras de lidar com o que se está a passar. É importante perceber o que se passa e falar do que se sente. Raramente passa sozinha ou sem ajuda causa estragos. E lembra-te: depressão pós-parto está fora do teu controlo.”


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