‘Crazy Ex-Girlfriend’ mostra a fúria de uma mulher enganada

As desventuras de Rebecca Bunch, na série Crazy Ex-Girlfriend, vão levá-la a um caminho tortuoso de vingança na terceira temporada, que está agora a ser filmada.

Disponível em Portugal através do serviço de streaming Netflix, a série é uma criação de Rachel Bloom, que interpreta Rebecca e venceu um Globo de Ouro pela performance.

O título resume o conceito da série: Rebecca é “aquela” ex-namorada maluca que persegue o homem da sua vida e deixa tudo para trás quando decide ir viver para a mesma cidade que ele. No entanto, o estereótipo acaba aqui. As decisões pouco refletidas de Rebecca têm raízes no seu passado e esse é um novelo que se vai desenrolando ao longo dos episódios.

O que torna esta comédia inteligente e diferente é a forma muito cândida, honesta e pouco polida com que Rachel interpreta Rebecca. Pelo meio, surgem intervalos ao estilo filme musical, em que os personagens desatam a dançar e a cantar canções escritas para aqueles momentos específicos da trama.

Músicas com temas sexuais inusitados

Só que as letras destas músicas não são o que se poderia esperar. Há uma canção sobre ter relações sexuais durante o período, e outra em que os dois ex-namorados cantam sobre todos os cantos da casa onde tiveram sexo com ela (essa canção valeu uma de quatro nomeações para os Emmy, sendo que a série venceu em duas categorias).

“O nosso sonho é ter uma música de K-pop na série”, brincou Aline Brosh McKenna, a showrunner de Crazy Ex-Girlfriend, durante a digressão de verão da TCA – Television Critics Association, em Los Angeles. Aline referia-se à música pop sul-coreana, que é cada vez mais popular em todo o mundo. “Não se trata apenas de canções engraçadas, são vídeos conceptuais”, adiantou a responsável. As canções ajudam a enquadrar os sentimentos subjacentes às decisões (ou indecisões) e o estado de espírito dos protagonistas.

‘Atração Fatal’ em versão comédia romântica

Mas o que é que acontece se uma “ex-namorada louca” conseguir reconquistar o homem que ama desenfreadamente e este a deixa especada no altar? É o que a terceira temporada vai explorar. Rachel Bloom e Aline Brosh McKenna decidiram que queriam ser menos comédia romântica e mais mulher louca à solta.

“Se vocês achavam que esta série é tipo Atração Fatal em versão comédia, é isso mesmo que nós queremos”, adiantou Rachel Bloom. “A Rebecca sente-se uma mulher enganada.”

O homem que ela ama, Josh, deixou-a pendurada no altar no último episódio da segunda temporada, e é por isso que o tema desta vez é “vingança.” Rachel adiantou que a personagem irá encarar este desgosto amoroso com maior autoestima, a sua atitude será de “uma mulher forte e sexy que foi rejeitada.”


Baseada num episódio da História de Portugal, a série ‘Madre Paula’ está em exibição na RTP1


Desde o início, a criadora da série sempre disse que esta era uma história com quatro capítulos – ainda que possa ser contada, por exemplo, em cinco temporadas. Mas não há dúvidas sobre o epílogo. “Esta é uma história finita sobre um momento específico na vida de uma mulher”, frisou.

Se em Nova Iorque há pressão para vencer na vida – ser uma advogada, ser médica, ser alguém -, na Califórnia há pressão para estar sempre feliz.

O facto de Rebecca ter abandonado a sua profissão de advogada em Nova Iorque para se mudar para West Covina, na Califórnia, atrás do ex-namorado tem um objetivo específico. “West Covina é a antítese de quem ela é, uma mulher da costa este, onde há uma grande pressão para fazer e acontecer.” Nova Iorque está carregada de história, edifícios com centenas de anos, mas na Califórnia é tudo novo e recente. “Há menos julgamentos”, disse Rachel Bloom. “Eu cresci aqui e senti que nunca ninguém queria falar de tristeza, ansiedade, a dificuldade de pertencer a um grupo”, analisou. De certa forma, os locais dão forma às perceções das pessoas sobre as relações e sobre a sua própria personalidade. Se em Nova Iorque há pressão para vencer na vida – ser uma advogada, ser médica, ser alguém -, na Califórnia há pressão para estar sempre feliz.

O último episódio da segunda temporada termina com a sempre-amiga Paula Proctor a sugerir formas de castigar Josh pela desfeita a que submete Rebecca, quando decide tornar-se padre em vez de casar com ela.

A “ex-namorada louca” recusa, com um sorriso maquiavélico. “Não podemos fazer nada disso”, diz. Paula pergunta porquê. “Isso seria muito pouco. Porque Josh Chan tem de ser destruído.”

A série, um original do canal The CW, regressa a 13 de outubro.

Imagem de destaque: Divulgação/Netflix