Dermatologistas alertam para aumento de “queimaduras surpresa” com o sol

Antes de começar a ler este texto é importante ter duas certezas claras em mente: a primeira é a de que loções bronzeadoras não são protetores solares, sendo que o mercado dos primeiros não está regulamentado, mas o segundo sim.

Quanto à segunda ideia bem definida que não deve perder de viste verão, ela prende-se com a necessidade de se estar mesmo protegida do sol. E há formas para o fazer.

O alerta chega agora da Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC). Ainda que sem dados oficiais, o secretário-geral da entidade, Osvaldo Correia, declarou esta terça-feira, 15 de agosto, à Lusa que “é crescente” o número de “queimaduras surpresa que as pessoas estão a ter”, mesmo utilizando protetores solares que dizem ter um índice elevado.

Segundo o médico, “é crescente” o número de pessoas com cancro de pele em idades jovens, a começar nos 20, 30 anos, resultado de exposições prolongadas ao sol.

“Temos de pensar que a agressão de hoje pode ter como consequência negativa o amanhã, e o amanhã pode não ser quando somos idosos”, salientou, lembrando que “a regra mais importante é sombra aumentada, hora apropriada”.

Estimativa: Mais 12 mil novos casos de cancro de pele em 2017

Estima-se que surjam este ano mais 12 mil novos casos de cancro de pele,mil dos quais casos de melanoma, o tipo mais grave.

Ainda há menos de duas semanas, o Delas.pt reiterava a importância de ter todos os cuidados com o sol e usar sempre proteção contra os malefícios dos raios solares.

“A ideia de que se usar um protetor solar de fator elevado não se irá bronzear está completamente errada, deve estar sempre protegida e a aplicação do creme deverá ser feita meia hora antes de sair de casa”, lia-se no texto.

Agora, a APCC apelou esta terça-feira, 15 de agosto, à população para estar atenta à qualidade dos protetores solares, alertando que as “loções bronzeadoras” são uma “falsa proteção” e podem ser prejudiciais para a saúde.


Na galeria acima recorde um outro trabalho publicado a 3 de agosto e que versava sobre os cuidados com a pele no verão e os sinais a que deve estar atento quando se expõe ao sol.


“No mercado surgem loções ditas bronzeadoras, aceleradoras de bronzeamento, que dizem ter uma proteção” solar de seis, 15 ou 30, “o que pode iludir as pessoas”, disse à agência Lusa o secretário-geral da associação, Osvaldo Correia.

Segundo o dermatologista, o mercado das loções bronzeadoras não está regulamentado, ao contrário do que acontece com os protetores solares, devendo por isso ser evitadas, porque podem ser “prejudiciais para a saúde” ao conferirem uma falsa proteção.

Jovens devem estar especialmente atentos

Perante este risco, o dermatologista deixou um alerta dirigido especialmente aos jovens: “não se iludam com os bronzeadores na questão da cor e, sobretudo, na questão de uma falsa proteção”.

“Quem faz vivência clínica de dermatologia” tem a “perceção clara” de que as pessoas ficam surpreendidas por utilizarem protetores com um índice 30 ou 50 e ficarem com “pigmentações inestéticas”, alergia ao sol ou “vermelhidão seguida de escamação”.

Osvaldo Correia observou que a população está “mais bem informada”, mesmo os próprios jovens, mas que “a prática é que nem sempre condiz com o conhecimento“.
Saber conviver com o sol, é um ato de bom senso”, disse, lembrando que os dermatologistas são “a favor da exposição ao sol”, mas no final ou no início do dia.

Pele bronzeada em excesso = pele envelhecida

Estas loções também “criam o mito de que o moreno é saudável”, mas “uma pele bronzeada em excesso é uma pele envelhecida e ninguém gosta que se diga que tem uma pele velha numa época em que o que se quer é rejuvenescer e não envelhecer”.
Mas também há cuidados a ter na escolha dos protetores solares e na forma como são aplicados.

“Hoje temos, nos próprios protetores solares, formas fluídas, transparentes, invisíveis, espumas que, na forma e na quantidade como as pessoas habitualmente as colocam, não dão a proteção que as pessoas julgam que dão (30 ou 50)”, sublinhou.

Para conferirem “uma camada suficiente”, que se aproxime do que foi testado em laboratório, a sua aplicação deve ser feita várias vezes no mesmo local.
“Na prática, teríamos que aplicar quase uma embalagem de 50ml para uma parte significativa do corpo, o que não se faz”, elucidou. Quando estas formas fluídas são associadas aos “aceleradores de bronzeamento” o risco aumenta.

Nas pessoas de pele relativamente morena, um índice de proteção baixo “é suficiente para não ficarem vermelhas, mas estão expostas aos raios ultravioleta A”, que também agridem a pele.

Portanto, a população deve estar atenta à qualidade, quantidade e apresentação do protetor, que “não deve ser utilizado para prolongar o tempo de exposição nos dias de ultravioletas especialmente elevados, como tem acontecido nas últimas semanas e, até diria, nos últimos meses, em Portugal”.

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