Direita radical alemã ameaça Merkel e milhões pedem demissão de Dilma

Ueslei Marcelino
Chanceler alemã Angela Merkel com a presidente do Brasil Dilma Rousseff , em agosto do ano passado (Ueslei Marcelino/Reuters)

Duas das mais relevantes líderes mundiais, Angela Merkel e Dilma Rousseff, estiveram este domingo, 13 de março, sob fogo intenso.

O partido da chanceler alemã, CDU, foi a eleições regionais em três estados, contando com 13 milhões de eleitores, e os resultados não deixaram margem para celebração. E se a CDU venceu sem maioria na Alta-Saxónia, os resultados obtidos para os dois outros parlamentos regionais (Baden-Wuerttemberg e Renânia Palatinado) impedem Merkel de respirar de alívio. Bem pelo contrário, uma vez que o partido perdeu maioria para os verdes de esquerda e para os sociais-democratas.

Apesar de não serem vencedores absolutos, foi a Alternativa para a Alemanha, o partido de direita radical anti-imigração, que viu os resultados mais crescerem nestas regionais. Um resultado que está a ser encarado como uma forma de oposição dos alemães à política permissiva de receção de refugiados promovida por Angela Merkel.

Do outro lado do Atlântico, em pleno Brasil, Dilma Rousseff também teve um domingo negro. Com cerca de 3,4 milhões de brasileiros nas ruas (segundo as forças policiais e de acordo com dados provisórios apresentados pelo Globo), em cerca de três centenas de cidades do país, os manifestantes exigem a demissão da presidente, na sequência do escândalo de corrupção “Operação Lava Jato”.

A investigação, levada a cabo pela Polícia Federal desde março de 2014, denuncia um esquema de corrupção, desvio de dinheiro e branqueamento de capitais que envolve funcionários da empresa estatal brasileira Petrobrás e políticos.

O ex-presidente Lula da Silva é já um dos envolvidos neste escândalo – com o ministério público a pedir a prisão preventiva do antigo dirigente -, que ameaça atingir a atual chefe de Estado do Brasil.

Dilma Rousseff afirmou não querer ceder aos que pedem a renúncia ao cargo e conta, aliás e também neste domingo, com manifestações de apoio a esta decisão, embora muito menos participadas. “Não sairei sem que tenha motivo para tanto”, declarou a presidente na sexta-feira passada, 11 de março, tendo-se solidarizado com Lula da Silva e considerado a decisão do Ministério Público “injusta” e reveladora de “falta de respeito” pelo percurso político do seu antecessor.