Direitos das mulheres são direitos humanos, não são um subgrupo

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1997 Nobel Peace Prize winner Jody Williams attends a speech at the Estoril Conferences - Global challenges, local answers, in Estoril, Portugal May 29, 2017. REUTERS/Pedro Nunes - RTX3850E

A Nobel da Paz de 1997, Jody Williams, defendeu esta segunda-feira a importância de clarificar que os direitos das mulheres são direitos humanos, e não um ramo deles, e de envolver os homens na defesa dos direitos das mulheres.

Williams, distinguida pela campanha internacional pela proibição das minas terrestres, é cofundadora da Iniciativa das Mulheres Nobel, criada em 2006 por seis mulheres distinguidas com aquele prémio, para apoiar o trabalho de organizações de mulheres em todo o mundo.

Além da norte-americana, lançaram a Nobel Women’s Initiative a iraniana Shirin Ebadi (Nobel da Paz 2003), a queniana Wangari Maathai (2004), a guatemalteca Rigoberta Menchu (1993) e as norte-irlandesas Mairead Maguire e Betty Williams (1976).

“As coisas estão a mudar. Não me ocorre um único país em que as mulheres não estejam, no âmbito do seu contexto sociocultural, a lutar pelos seus direitos”, disse à Lusa à margem das Conferências do Estoril.

A ativista considera contudo que, na defesa dos direitos humanos, há duas prioridades.
A primeira é clarificar perante a opinião pública mundial que os direitos das mulheres são direitos humanos.

“Há o reconhecimento, pelo menos em algumas partes do mundo, de que os direitos das mulheres não são um extra, que os direitos das mulheres e os direitos dos homens são direitos humanos, são a mesma coisa”, disse. “Porque a declaração universal dos direitos humanos da ONU não é uma declaração universal dos direitos humanos do homem a que anos mais tarde juntaram uma adenda com os direitos humanos das mulheres. Os direitos humanos são de todos os seres humanos”, insistiu.

A segunda prioridade, prosseguiu, é envolver os homens na defesa dos direitos das mulheres.

Esse reconhecimento [de que os direitos das mulheres são direitos humanos] assusta os homens, mesmo que não tenham consciência disso. Sempre estiveram na parte da sociedade que tem poder e, quando a sociedade começa a mudar, a reconhecer que os seus direitos não são diferentes dos das mulheres, isso pode ser ameaçador”, disse.

“[Mas] Um homem que é verdadeiramente contra a violência contra as mulheres, tem de fazer algo para o demonstrar. Não fazer nada torna-o conivente”, acrescentou. “Por isso estamos a esforçar-nos para chegar aos homens e incluí-los no nosso trabalho. Eles são parte da solução”, concluiu.