Diretora do FMI considerada culpada mas não cumpre pena

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Fotografia de Yuri Gripas/Reuters

Um tribunal especial francês considerou hoje a atual diretora-geral do FMI culpada de “séria negligência” no caso de um pagamento estatal a um empresário quando Christine Lagarde era ministra das Finanças da França.

O tribunal anunciou hoje que a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, recebeu o veredicto de culpada pela “séria negligência” durante o processo de indemnização estatal pela venda da Adidas a um banco público.

O tribunal, no entanto, não definiu qualquer punição, e a atual líder do FMI também não terá qualquer registo criminal deste veredicto.

O Tribunal de Cassação tinha decidido anular a arbitragem decretada por Lagarde quando era ministra do então presidente francês Nicolas Sarkozy para resolver o contencioso entre o Estado francês e Bernard Tapie pela venda da Adidas, em 1994, ao banco Crédit Lyonnais, que era à data uma instituição pública.

Por essa arbitragem, o Estado teve de indemnizar o empresário, próximo de Sarkozy, em 404 milhões de euros, com o argumento de que o Crédit Lyonnais tinha conseguido um lucro exagerado graças à Adidas.

Lagarde, titular da pasta das Finanças entre 2007 e 2011 e que iniciou em julho o seu segundo mandato à frente do FMI, foi acusada por se considerar que agiu de forma negligente ao recorrer à arbitragem, o que beneficiou Tapie, em vez de deixar a justiça comum funcionar.

Neste caso, também são arguidos, entre outros, o seu chefe de gabinete em 2007 e atual presidente da operadora de telecomunicações Orange, Stéphane Richard, e o próprio Bernard Tapie, por “desvio de fundos públicos” e cumplicidade.