Quem tem peso a mais sabe o quão difícil é perdê-lo. Conhece os dramas causados pela comida, a angústia e ansiedade na hora de subir para cima da balança, a frustração de não conseguir perder os quilos a mais mesmo quando se cumpre à risca a lista de permitidos e proibidos, à mesa e fora dela. Parece que a vida passa a girar à volta da comida e do exercício que a acompanha. Adam Bornstein é especialista em temas de fitness e nutrição e criador da Born Fitness, uma empresa que tem como missão tornar as pessoas felizes. Cresceu com excesso de peso e viveu durante anos a luta para o perder. É, pois, o conhecimento de causa resultante dessa batalha e a experiência que daí adveio que lhe permite desvendar o segredo da perda de peso. E de forma duradoura.
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Conta, numa crónica no site Greatist.com, que era o “gordinho”, aquele que precisava de roupa feita à medida, que se escondia com vergonha da gordura que o seu corpo carregava. E foi resultado de sucessivas guerras contra o peso que descobriu que é possível perder os quilos a mais e ter o corpo de sonho. No entanto, a maior parte das pessoas fá-lo da forma errada. Depressa demais, impacientemente e, acima de tudo, explica, sem noção da realidade.
Afinal, garante, perder peso e mantê-lo não é um mito. Mas para que aconteça é preciso tempo – e vontade – e não são “três a cinco episódios de um qualquer programa de televisão” que vão magicamente resolver tudo. É a realidade que mostra que todas as dietas deixam de funcionar em algum momento. Ainda assim, continuam a funcionar. Um aparente contrassenso que tem explicação: é que mesmo quando a balança não indica perda de peso, isso não significa que o corpo tenha atingido o seu limite, mas que o metabolismo está a abrandar. Mas não parou.
A verdade é que “o nosso corpo não gosta de mudanças”. O que significa que quando tentamos perder peso, ele vai fazer de tudo para voltar ao que considera “normal”. E quanto mais peso se perde, mais o corpo se esforça para resistir a essa mudança. A estagnação, aqueles momentos em que parece que nada acontece são, pois, naturais e fazem parte do processo de perda de peso. Nestas alturas, são muitos os que desistem, crentes de que aquele método não está a resultar. Mas o caminho aqui tem de ser o da resistência. E quando se consegue resistir à vontade de desistir, os quilos perdidos mantêm-se longe.
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Adam Bornstein não é o único que defende que o sucesso de uma dieta depende muito do que se passa na nossa cabeça. Miguel Cocco, licenciado em psicologia e especialista em hipnose, descreve, no livro ‘Emagreça com o Poder da Mente’ (Editora Lua de Papel), que “só há uma maneira equilibrada de eliminar peso e não o recuperar: mudar a sua maneira de pensar”.
Tal como Adam Bornstein, também ele chama a atenção para o grande problema das dietas: quando estas chegam ao fim e se recupera o peso perdido. Esse, e mais algum. Algo que acontece, explica, porque “o corpo é torturado, forçado a uma situação de privação pouco natural”. E terminado esse período, “o cérebro ordena ao corpo que recupere aquilo que – no entender da mente – é o peso correto”.
Há, portanto, que treinar a mente, que lhe dedicar alguma atenção neste processo que vai muito além da questão física. O nutricionista Alexandre Fernandes concorda. Tanto que escreveu ‘A Dieta da Meditação’ (Editora Planeta), onde defende que é a mente que nos faz engordar. E é ela que nos vai ajudar a perder o peso desejado.
Tudo isto para dizer que a perda de peso duradoura “nunca acontece dentro de 30 dias ou de outro qualquer prazo mágico”, explica Adam Bornstein. Más notícias, pensarão alguns. Nem por isso, defende o especialista. É que estamos a falar de “um processo.” E apesar de todos os planos alimentares, todas as dietas poderem proporcionar resultados imediatos, é no futuro que se deve pensar. “Quando assim é, a pessoa não se sentirá frustrada quando deixar de perder peso.”
