E se as tarefas domésticas contarem como exercício físico?

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As mulheres estão muito mais sedentárias do que os homens. Quem o diz é a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), na sequência de um inquérito nacional feito à população.

Ao Delas.pt, Luís Negrão, médico e assessor da FPC, apresentou os dados detalhados por género e vincou:

“Em 2017, Só 29% das mulheres inquiridas praticava pelo menos uma hora e meia de exercício físico por semana, em 2015, perante uma amostra igual, eram 33%.”

Este ano, 37% dos homens reconhecia cumprir algum esforço físico, representando também uma redução face a 2015 (40%).

Contas globais, mais de dois terços dos portugueses praticam menos de hora e meia de exercício semanal, sendo que a maioria desvaloriza a importância da atividade física. Números apresentados (e que decorrem de um estudo feito por amostragem) em dia de revelação da programação para as cinco semanas do Mês do Coração 2017, que se assinala em maio.

“A quebra está patente na descida da população com 45 e mais anos. São os mais velhos, pertencentes a classes sociais mais baixas e oriundos do Grande Porto e do Alentejo. Só no Algarve é que os números cresceram. Apesar das várias campanhas, a percentagem de mais jovens que praticam pelo menos uma hora e meia de exercício físico por dia mantém-se em 2017, face a 2015”, afirma o médico.

O especialista faz, porém, uma ressalva no caso das mulheres: o esforço físico que decorre do cumprimento das tarefas domésticas, uma área em que elas trabalham mais do dobro de horas do que os companheiros.


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“Uma mulher que trabalha, que vai buscar o filho, que vai ao supermercado, que chega a casa vai dar banho aos miúdos, fazer o jantar, estender a roupa pode não interpretar nenhuma destas tarefas como exercício físico, mas a verdade é que o está a fazer”, sublinha o médico da FPC.

Mais: “Isso também conta para a saúde.”

Salvaguarda feita pelo especialista quando o objetivo da FPC é, precisamente, destacar as vantagens do exercício físico na prevenção de doenças cardiovasculares.

Porque – prossegue o mesmo médico – o “homem até pode ser ativo, mas se chega a casa e se senta no sofá, nunca cumprirá tanto exercício como uma mulher que desempenhe todas aquelas tarefas domésticas”. Mas para apurar em detalhe esta vertente do esforço físico, Negrão lembra que seria “necessária uma amostra de maior dimensão”.

Caminhadas são o desporto preferido

Luís negrão confirma que a caminhada (com 25% de respostas) é o desporto preferido dos inquiridos, seguido do futebol, enumerado por 10% dos entrevistados. Já um terço dos respondentes (36%) declarou não gostar de qualquer exercício.

Quanto aos 33% da população que são ativos mais de uma hora e meia por semana, 46% dizem que praticam exercício andando a pé, enquanto 17% escolhem o ginásio ou musculação e 12% o futebol, refere a agência Lusa. Entre os ativos, 49% vê o exercício como uma obrigação, algo que sentem que devem fazer.

Com 1216 pessoas entrevistadas, este estudo levado a cabo pela GfK Metris concluiu que o tempo médio passado sentado é de 4,3 horas diárias, com uma percentagem significativa (29%) a admitir que está sentado entre cinco e dez horas por dia.

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