Eletrodomésticos: um A na escala do desempenho energético pode estar errado

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Uma análise realizada por organizações não-governamentais europeias concluiu que os ensaios de eletrodomésticos sobre o seu desempenho energético “nem sempre” refletem a forma como o consumidor utiliza os aparelhos, podendo “induzir em erro”.

“O estudo revelou que as normas de ensaio, quando usadas para a declaração de desempenho energético desses produtos, nem sempre refletem a utilização típica que o consumidor lhes dá, nem os desenvolvimentos tecnológicos”, refere informação hoje divulgada em Portugal pela Quercus.

As organizações não-governamentais de ambiente (ONGA) europeias defendem a necessidade de “eliminar o desfasamento dos testes garantindo aos consumidores etiquetas energéticas baseadas no uso real”, através de um reforço dos testes efetuados a máquinas de lavar louça, frigoríficos e televisores.

Exigem regras “mais precisas, justas e relevantes para o consumidor, em conformidade com a disposição incluída na nova revisão do regulamento de Etiquetagem Energética da UE” e consideram que “as normas harmonizadas devem tentar simular o uso real, na medida do possível, mantendo um método de ensaio padrão”.

As normas devem igualmente ser atualizadas de acordo com a evolução tecnológica e as novas funcionalidades que entrem no mercado.

Na semana passada, o Parlamento Europeu aprovou a revisão do Regulamento de Etiquetagem Energética visando reforçar o papel do consumidor.

Na sequência dessa decisão parlamentar, o grupo de ONGA publicou agora um relatório com os resultados de 18 meses de pesquisa sobre as normas de ensaio de três produtos incluídos no sistema de etiquetagem energética.

Entre as questões apontadas como podendo “estar a prejudicar a representatividade e a transparência da etiqueta energética” estão as diferenças no consumo de energia entre as normas de teste e as que refletem o uso na vida real, o que “pode induzir em erro os consumidores”.

Normas de ensaio que não acompanham o progresso tecnológico, ambiguidades e informações confusas ou inexistentes ao consumidor são outras críticas referidas.

Além das recomendações, as ONGA desenvolveram um novo vídeo de teste para medir o consumo médio de energia de um televisor, que “está muito mais próximo do que é transmitido hoje do que o vídeo normalizado, que tem mais de dez anos”, e sugeriram um método de teste para medir o controlo de brilho automático.

Atualmente, segundo dados citados pelos ambientalistas, os consumidores perdem cerca de 10 mil milhões de euros por ano relacionados com etiquetagem pouco rigorosa do desempenho energético dos eletrodomésticos.