Empresária corre 1680 quilómetros em sete desertos

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Mina Guli (Facebook)

Quarenta maratonas em 49 dias. A conta dá um impressionante resultado de 1680 quilómetros, a distância que uma mulher de negócios australiana, de 45 anos, já está a percorrer para lutar pela causa em torno da escassez da água no planeta. A empresária Mina Guli propõe-se, então, a percorrer sete desertos em sete semanas, distribuídos por todos os continentes. Tudo entre 1 de fevereiro e 22 de março.

Em vésperas de dar início à sua quarta ultramaratona na sua terra natal, no deserto de Simpson, a empresária e fundadora da associação ambiental Thirst, em 2012, declarou ao site Mashable o porquê de escolher fazer uma ultramaratona como forma de manifesto, de alerta e de tomada de consciência para a questão da água.

Recorde-se que este tema figura na lista dos assuntos mais prioritários que o mundo enfrenta e que está definido no Global Risk Report, do Fórum Anual da Economia Mundial. Também as Nações Unidas já chamaram à atenção para o facto de, até 2030, perto de metade da população mundial já estará em viver “em zonas de conflito pela água”.

A trabalhar em Pequim, o facto de ter passado pelo Banco Mundial, onde laborou na área da política de mudanças ambientais, levou Mina Guli a procurar aprofundar a questão e perceber que recursos hídricos são gastos nos pequenos gestos e atitudes do dia-a-dia: desde a quantidade de água necessária na produção de alimentos até à energia, ao vestuário, ao uso do quotidiano. Contas que a levaram a concluir – e agora a alertar – que o mundo, nesta matéria, “tem o tempo contado”. “Até 2030, a procura de água vai aumentar 40% face aos recursos disponíveis. Temos 15 anos para resolver este problema”.

Uma foto publicada por Thirst (@thirst_4_water) a

“Cresci na Austrália e ao longo dos anos tomei consciência de que estávamos a tentar resolver o problema da seca usando baldes de água para contornar o desperdício. O que eu não tinha percebido até então é que até o simples facto de se comer um hambúrguer, tal atitude equivalia a um banho de duas horas”, declarou Guli.

Em vésperas de dar início ao desafio na sua terra natal, Guli já correu pelo deserto de Tabernas, em Almeria, Espanha, pelo deserto de Wadi Rum, na Jordânia e na Antártida. Depois de cumprir a etapa na sua terra natal, a empresária aponta para o deserto de Karoo, na África do Sul, a 3 de março, pelo de Atacama a 11, no Chile, e, finalmente, a 17 de março, no deserto do Mojave, nos Estados Unidos da América.

Agora, com meio caminho trilhado nesta sua forma de protesto, Mina Guli recorda a primeira travessia que fez, em Espanha, e de que forma esta mesma experiência lhe lembrou a dificuldade que tinha pela frente. “À medida que se fica fisicamente exausto, o desafio vai parecendo maior a um nível mental”, conta. E se, no início, Guli correu sem qualquer música ou distração, o peso do silêncio sentido na Antártida levou-a a reconsiderar essa possibilidade. “Está tudo tão silencioso, nunca tinha estado num sítio do planeta como aquele, onde só o som do bater do coração ecoa nos ouvidos”, recorda. Agora, a empresária pede até a todos os que seguem os seus passos para lhe enviarem playlists e músicas que ajudem a acompanhar o ritmo.

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Mas se as maratonas são para levar até ao fim, certo também é que não precisam de ser, a todo o tempo, uma caminhada solitária. Para Guli, esta iniciativa deve servir de pretexto para, aquando da corrida, haver margem para parar, conhecer as famílias que habitam nestas zonas do planeta e conversar sobre a realidade em que vivem. “Se eu não posso para para tomar um chávena de café com uma família Beduína que vive na Jordânia, como posso compreender quais os desafios de água que eles têm de fazer frente?”, afirma a empresária.