“Espero ver reconhecido o papel da mulher”, diz Marcelo

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Marcelo Rebelo de Sousa no discurso da tomada de posse, sucedendo a Cavaco Silva na Presidência da República. Ferro Rodrigues, presidente da AR, testemunha o momento (Leonardo Negrão/Global Imagens)

No discurso da tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu quer ser o Presidente da República “de todos, sem promessas fáceis ou programas que se sabe não poder cumprir. Com determinação constante, assumindo em plenitude os seus deveres”, afirmou em plena Assembleia da República.


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Depois de uma elencagem detalhada, Marcelo lembrou ser, entre muitos outros, o Presidente “da mulher, que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual”, declarou. Num discurso no qual citou Miguel Torga, prometeu atenção compromissos internacionais, à lusofonia, aos mais pobres e luta “por mais justiça social”. O agora eleito Presidente sublinhou a importância do ecumenismo e vincou que “não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos um papel a desempenhar nas nações” e lembrou ainda que somos “grandes no passado, grandes no futuro, por isso aqui estamos, por isso aqui estou pelo Portugal de sempre”.

Para o novo presidente, é tempo de “cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos”, considerando que “finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e agravadas injustiças e conflitos sociais”.

“Defendê-la [a Constituição], cumpri-la e fazê-la cumprir é dever do Presidente da República”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que prometeu ser “um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores, que, ao fim e ao cabo, são os valores da Nação que nos orgulhamos de ser”

Numa cerimónia aplaudida de pé por convidados e pelo PS, PSD e CDS-PP (nem PC, nem Verdes, nem BE aplaudiram), Marcelo Rebelo de Sousa prometeu, num mandato que durará cinco anos, defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição, prometendo ser “um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores, que, ao fim e ao cabo, são os valores da Nação que nos orgulhamos de ser”. Tudo isto “sem querer ser mais do que a Constituição permite. Sem aceitar ser menos do que a Constituição impõe. Um servidor da causa pública.”

Para Cavaco Silva, antecessor no mais alto cargo da nação, o atual Presidente deixou “uma palavra de gratidão pelo empenho que sempre colocou na defesa do interesse nacional – da ótica que se lhe afigurava correta, é certo”, mas elogiou também o sacrifício “da vida pessoal, a académica e profissional, em indesmentível dedicação ao bem comum”.

Presidente furou o protocolo
Marcelo Rebelo de Sousa chegou à Assembleia da República a pé, não sem antes ter passado pela casa dos pais, na Lapa. “Aquele era o caminho que fazia para a escola”, justificou à TVI24, o 19º Presidente da República.

À cerimónia de tomada de posse compareceram os antigos Presidentes da República e os oponentes de Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições Presidenciais. A nível internacional, destaque para a presença do Rei de Espanha, Filipe VI, o chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, o antigo presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.