Este é o Mégane das famílias jovens e dos Millennials?

É o Mégane mais bonito de sempre. Nunca imaginei estar na janela de casa e ver quem passa a apreciá-lo – mas aconteceu e não foram poucas vezes. Falamos de um automóvel do segmento C – não de um superdesportivo –, que dá nas vistas. É bonito, tem estilo. Não engana visto de frente: é um familiar compacto que se assemelha ao Talisman – o topo de gama que já faltava à marca francesa.

Quem vê por fora, não vê interiores. Parece um provérbio arrancado um pouco à força, mas o interior do Mégane da quarta geração cresceu em qualidade, ambiente e funcionalidade. Com uma cadeirinha de bebé no banco de trás, é possível viajar com mais quatro passageiros – ainda que o quinto ocupante, o do lugar do meio, esteja limitado pelo túnel que divide em dois o espaço para os pés. A bagageira, com capacidade para 384 litros, é suficiente para uma família que não pretenda investir na station. O ponto mais negativo neste aspeto é a posição elevada de acesso ao compartimento de carga, que obriga a ser mais “criativo” na arrumação.

Posto isto, e tendo um carro que corresponde às necessidades de uma família jovem, com pelo menos um filho, é hora de iniciar a marcha. A unidade ensaiada é um Mégane Bose Edition dCi 130. O motor turbodiesel 1.6 dCi com 130 cv tem tudo para convencer. É rápido na resposta do acelerador e permitiu-me consumos que rondaram os 5,5 l/100km. A marca anuncia um mínimo de 4 l/100km, que não consegui alcançar. Mas também a função de eco-condução classificou o meu desempenho ao volante com 55 em 100 pontos possíveis, o que me faz crer que é possível fazer muito melhor do que fiz.

A posição de condução é confortável o suficiente e a bordo deste novo Mégane parece mesmo que estamos num automóvel de um segmento acima, dada a qualidade dos materiais e da elegância do habitáculo.

Devo dizer que me sinto um pouco renitente quanto à utilização no Mégane de um tablet de 8,7 polegadas – acho que é um dispositivo demasiado grande, contrariando provavelmente a opinião dos Millennials. Tudo bem que o ecrã vertical tátil pode estar dividido entre dois tipos de informação, como o GPS e o rádio. Mas 8,7 polegadas sempre são 22 centímetros a desviar a atenção do condutor.

Indispensável para mim é o display head-up, que projeta junto ao vidro informação de velocidade, distância de segurança ao veículo da frente, ou a velocidade máxima permitida na via onde circulamos. Pode ser informação redundante, mas é uma tecnologia de segurança. A 100 km/h, enquanto desviamos os olhos para ler no tradicional velocímetro a velocidade a que vamos, o carro percorre 27,7 metros. Valor que diminui substancialmente com a tecnologia head-up.

Mas há mais tecnologias a equipar este Mégane, que dispensa a utilização de chave. Com um cartão no bolso, não precisei de mais nada para abrir as portas – deu jeito quando tinha as mãos ocupadas com os sacos das compras – nem para pôr o motor a trabalhar. Outra maravilha é um simples botão que permite estacionar o carro sozinho – só precisei de acelerar e travar, que o volante rodou sozinho. É ou não é fácil de conduzir um carro onde nem é preciso fazer ponto de embraiagem? Eu acho tudo isto prático, ainda que a ausência de tudo isto nunca me tenha incomodado.

Com o carro a rolar em autoestrada, a direção revelou-se precisa e a suspensão permite uma boa condução em pisos menos regulares dentro da cidade. Já o seletor da caixa de velocidades, demasiado próximo do volante, pareceu-me colocado numa posição ideal para um carro desportivo e não para um Mégane familiar, do dia a dia. Nada que comprometa um resultado final bastante positivo. Com esta motorização, o preço começa nos 29.880 euros. É uma excelente opção. Ainda assim, o valor de entrada na gama é de 21.150 euros, no caso do Mégane Energy TCe 100, a gasolina.