Gravidez: a importância de uma consulta pré-natal

Gravidez: a importância de uma consulta pré-natal

Antes de engravidar é aconselhável fazer uma consulta com o ginecologista para avaliar o seu estado geral de saúde, histórico familiar e começar a tomar os suplementos mais indicados.


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“Marcar uma consulta pré-natal é essencial para garantir uma gravidez o mais segura possível e evitar eventuais riscos para a mãe ou para o bebé durante a gestação”, garante Clara Soares, ginecologista-obstetra, responsável pelo Serviço de Urgência da Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Será a oportunidade ideal para verificar:

Estado geral de saúde
A maioria dos exames de rotina numa mulher saudável incluem uma citologia, um exame médico e análises que determinam o estado geral da sua saúde. Também convém verificar se cumpriu o Plano Nacional de Vacinação e se se encontra, por exemplo, imune à rubéola. Caso não tenha sido vacinada, terá que o fazer e esperar alguns meses para engravidar.

Nesta consulta a mulher também ficará a saber da importância da sua saúde oral, muito ignorada em Portugal. “Os agentes patogénicos presentes na boca da mãe poderão ser altamente prejudiciais ao feto”, explica a ginecologista, “estando relacionados com o aumento do número de partos pré-termo”. Além de que a vigilância durante a gravidez é aconselhável dada a predisposição para episódios de gengivite.

Equilíbrio de condições médicas já reconhecidas
“Existem um sem número de doenças que podem interferir com a gravidez, desde a hipertensão à diabetes, passando pela lúpus, epilepsia, obesidade ou depressão”, explica Clara Soares. “Estes casos implicam a intervenção não só da ginecologista, mas de toda uma equipa médica, até porque por vezes é necessário fazer a alteração de certas terapêuticas”, esclarece.

No caso da diabetes, por exemplo, há que estabilizar a doença alguns meses antes da gravidez. Uma mulher com depressão crónica também terá que ser consultada em paralelo pelo seu psiquiatra de modo a aferir medicação compatível. “Muitas quando engravidam acidentalmente deixam de tomar os medicamentos, o que pode agravar o estado da sua saúde mental”, alerta a ginecologista. Já uma pessoa obesa deverá seguir um plano nutricional e de exercício físico antes de engravidar para corrigir o peso e eventuais estados de stresse, “devido ao provável aparecimento da diabetes, hipertensão ao longo da gravidez e dificuldades durante o parto”.

No que toca à epilepsia, o ideal é que se reavalie a medicação para manter controlada a terapêutica com monoterapia (só com um fármaco) e com a dose mais reduzida possível para ter um menor impacto no feto.

Histórico familiar genético
Vale a pena investigar a família para saber se não há histórico de problemas genéticos ou cromossómicos, como síndrome de Down, anemia falciforme, ou outros tipos de anemia como a talassemia, fibrose cística, doença de Tay-Sachs (frequente nos descendentes de judeus do Leste Europeu), e hemofilia, entre outras.

Analisar grupo sanguíneo
Outro dado importante é determinar o grupo sanguíneo (O, A, B, AB) da futura mãe, bem como se o sangue é Rhesus positivo ou negativo (Rh + ou Rh – ). Este dado permite apurar a compatibilidade entre os grupos sanguíneos da mãe, do pai e do feto ou, por exemplo, qual o grupo de sangue materno no caso de ser necessária uma transfusão de sangue num determinado estádio da gravidez.

Avaliar os riscos da idade
“Não existe uma idade barreira para que a mãe e o feto corram mais riscos”, diz a ginecologista. “Mas sabe-se que à medida que a idade avança, é mais provável que a mulher sofra de doenças como hipertensão ou mesmo peso excessivo”. Ao nível das doenças genéticas, também há maior prevalência, pelo que a vigilância passa a ser mais apertada.

Dúvidas e suplementos alimentares
É normal que nesta altura surjam questões como: quanto tempo devo esperar para tentar engravidar se tomo a pílula? “Atualmente, a possibilidade de gravidez é imediata”, responde a Clara Soares que, no entanto, alerta: “Antes de suspender qualquer método contracetivo, deve-se consultar o médico”.

A alimentação e suplementação também suscitam algumas dúvidas. A primeira deverá ser, obviamente, rica em alimentos frescos e com bom aporte proteico.

Relativamente aos suplementos, “a toma de ácido fólico antes e durante a gravidez, segundo a OMS, por exemplo, reduziu em 40% o número de anomalias nos recém-nascidos”, explica a médica. “Também se recomenda a ingestão de iodo”, diz, “já que curiosamente, apesar da exposição solar do país e da sua grande costa, parte da população é deficitária deste micronutriente”. A carência pode ser sobretudo prejudicial para o desenvolvimento do feto, uma vez tem influência sobre o seu sistema nervoso.

Verificar o estilo de vida
Deixar de fumar e tomar qualquer tipo de drogas, além investir na qualidade da alimentação são peças chave para a gestação de um bebé saudável. Pelo menos seis meses antes de pensar em engravidar procure ser uma pré-mamã que não só vende saúde como a tem para dar ao futuro bebé!