Uma cultura chamada Gucci

Esta segunda-feira, dia 29 de maio, a Gucci apresentou a sua coleção Resort 2018 nas galerias Palatina do Palácio Pitti em Florença. Nas paredes estavam expostas obras de arte de Rubens, Tintoretto, Titian, Velázquez, Caravaggio e Botticelli, que mesmo estando penduradas nas paredes de tecido adamascado bordeaux e molduras trabalhadas douradas, não conseguiram ofuscar as criações opulentas da Gucci.

Este espaço recebeu pela primeira vez um desfile de moda e custou à casa de moda italiana 200 mil euros. Além do valor do aluguer do espaço, a Gucci revelou que irá ainda doar, no perídodo de três anos, 2,1 milhões de dólares para a restauração do jardins Boboli, que se avistam da Galeria Palatina.

No meio de uma das divisões e a completar o fausto do espaço estava uma harpa que foi tocada ao vivo, sobrepondo-se à música magistral que deixava ouvir ao fundo um coração a bater. Os convidados ficaram sentados perto das obras de arte e os seus bancos tinham escritas palavras do poema ‘Canção de Baco’ de Lorenzo Medici escrito no século XV.

A escolha do local e as referências ao renascimento não foram inocentes, já que esta coleção se inspirou nas grandes culturas que marcaram o ocidente e a arte. “No início tudo começou com as culturas mediterrâneas, grega e romana, e na forma como elas continuam a influenciar tudo. O outro grande passo foi o Renascimento por isso vim para aqui (Florença) e este é o momento certo para a marca cá estar, a empresa começou aqui, o que estou a fazer agora é mais próximo desta cidade do que foi em qualquer outro momento da Gucci. Florença continua a ser uma das metrópoles mais fascinantes do passado. Adoro as peças clássicas da nossa cultura, as influências gregas e romanas continuam aqui e em todo o lado, é impossível desconectar as coisas,” explicou Alessandro Michele à publicação WWD.

As referências a estas civilizações antigas chegaram através de vários detalhes: Roma foi revelada nas coroas de louro que surgiram umas na cabeça dos modelos e outras carregadas pela mão, da Grécia chegam os drapeados e os estampados gráficos que fazem lembrar os frisos dos templos, além das referências mitológicas a Vénus, deusa do amor, e Ganimedes, o príncipe troiano que foi levado por Zeus para ser copeiro dos deuses e que se tornou o símbolo mitológico do amor homossexual, já do Renascimento foram resgatadas as capas e as flores.

Da coleção com 115 coordenados não houve nenhum elemento que rompesse com a estética que tem sido desenhada por Alessandro Michele, mantendo-se a exploração dos elementos animais e florais, os quadrados, algumas influências do estilo oriental, as cores fortes, os logótipos e uma excentricidade que já se tornou na assinatura da marca. A

“A excentricidade não é um acidente, é algo que significa que estás a tentar traduzir o teu ponto de vista, é algo muito simples, isto faz-te sentir um elemento raro da terra.”

Apesar de não se destacar nenhuma novidades na roupa surgiram três novas palavras estampadas: Guccy, Guccify e Guccification. As duas últimas podem se forem traduzidas à letra significam Guccificar e Guccificação, o que revela a importância do estilo que Alessandro Michele está a criar, já que estas palavras traduzem uma aproximação à excentricidade da marca e não aparecem tanto como uma referência à etiqueta. Não é uma questão de marca mas uma questão de ver o mundo à imagem da marca, tornando-se a Gucci uma cultura.


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