Malaui: condenado homem que teve relações com 100 meninas

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Eric Aniva, o homem do Malaui apelidado de “hiena” por ser pago para ter relações sexuais com mais de 100 adolescentes e também viúvas, foi condenado a dois anos de trabalhos forçados.

Aniva era pago para fazer “limpezas sexuais”, que, segundo a crença e a tradição do sul do país, servem para proteger as comunidades de doenças e de outros males que a possam assolar.

No caso das meninas, o homem com cerca de 40 anos, era pago pelos seus pais para lhe tirar a virgindade, após a primeira menstruação, num ritual que serviria para marcar a passagem da infância para a idade adulta.

Esta prática tradicional, que é condenada pelo governo do país, ainda é levada a cabo em área rurais e remotas do Malaui e estende-se a mulheres adultas. Viúvas, ou mulheres inférteis ou que tenham sofrido abortos devem submeter-se ao mesmo ritual.

“Limpeza sexual” contaminada com VIH
Além de um costume que vai contra os mais elementares direitos humanos, condenado pelas autoridades e organizações não-governamentais, o caso de Eric Aniva assumiu outro nível de gravidade quando o próprio confessou ser seropositivo e que não usava preservativo durante as relações.

A pena aplicada é, também por isso, considerada inadequada pelas organizações femininas que trabalham no Malawi.

A organização internacional Donor Direct Action acrescenta, em declarações à rádio norte-americana NPR, que a sentença seria maior se não fossem tão poucas as mulheres e adolescentes dispostas a testemunhar contra este “homem hiena”.

Apesar de o presidente do país, Peter Mutharika, ter apoiado publicamente a acusação de Aniva, o facto de as adolescentes não terem testemunhado fez com que fosse condenado por “prática cultural danosa”, por ter tido relações sexuais, desprotegido, apenas com mulheres viúvas. Uma condenação leve, se se tiver em conta a Lei para Igualdade de Género, aprovada pelo governo do Malaui em 2013, analisa a ONG.

Ainda assim, a Donor Direct Action reconhece que só o ter havido uma condenação para uma prática em que a impunidade prevalece é um progresso a assinalar.

 

Imagem de destaque: Dennis Albert Richardson/Shutterstock