Ivanka Trump defende mães que trabalham mas é acusada de não pagar licença de maternidade

Ivanka Trump assume-se defensora dos direitos das mulheres trabalhadoras
Ivanka Trump assume-se defensora dos direitos das mulheres trabalhadoras

Ivanka Trump protagonizou aquele que muitos consideram o mais poderoso momento da Convenção do Partido Republicano. Defendeu, com toda a convicção, a vontade do seu pai, o candidato presidencial Donald Trump, de revolucionar as leis do trabalho a favor das mulheres e em apoiá-las na decisão de ter filhos.

Só que agora, a credibilidade da empresária de 34 anos, que recentemente anunciou estar a escrever o segundo livro intitulado ‘Women Who Work’ (em português, ‘Mulheres que Trabalham’), outra vez com a temática do trabalho no feminino, está a ser posta em causa por uma funcionária da empresa que desenha e distribui a linha de roupa, que alega não ter recebido um único dia de licença de maternidade paga.

A fonte, ouvida pelo jornal norte-americano ‘The Washington Post’, é uma republicana que prefere manter o anonimato por receio de perder o emprego, contou que ficou grávida no ano passado e que a empresa a informou de que teria direito a apenas 12 semanas de licença de maternidade sem vencimento – o que corresponde ao período mínimo legal para firmas com mais de 50 trabalhadores. Como resultado, e para poder passar mais tempo com o filho, a colaboradora de Ivanka Trump viu-se obrigada a utilizar todos os seus dias de férias e a depender inteiramente do salário do marido.

“Já é suficientemente difícil, a nível emocional, voltar ao trabalho logo depois de termos um filho. Mas saber que estamos a regressar para uma empresa que não valoriza a nossa decisão de ser mãe, torna tudo mais difícil”, confessou a designer.

A filha de Trump recusou, através de um porta-voz, comentar as acusações. Mas um representante da empresa que produz a sua coleção de roupa já garantiu ao ‘The Washington Post’ que são oferecidas oito semanas de licença de maternidade paga às funcionárias que acabam de ser mães. “Além disso”, acrescentou, “uma vez que oferecemos horários flexíveis, apoiamos todas as mães que, por vezes, possam precisar de trabalhar a partir casa”.

O mesmo representante frisou que “as mulheres contratadas pela G-III [firma em questão] que trabalham para a marca da Ivanka Trump, são funcionárias da G-III, uma empresa cotada em Bolsa, e não de Ivanka Trump”.

Na Convenção do Partido Republicano, a empresária e mãe de três filhos – Arabella, Theodore e Joseph – alongou-se sobre “o quão difícil é trabalhar enquanto se constrói uma família”. “As políticas que permitem que as mulheres com filhos prosperem não devem ser raridades, devem ser a norma”, concluiu.

Dados de 2016 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mantêm os EUA entre os cinco países com pior políticas de maternidade. A OIT considera que as licenças devem ser de 14 semanas (no mínimo) e que as mulheres devem ser compensadas em pelo menos 66,7% do seu salário. A lei federal norte-americana prevê apenas 12 semanas de licença de maternidade e sem vencimento. Apenas em São Francisco da Califórnia a licença de maternidade é paga e só desde abril deste ano, altura em que a lei municipal que obriga empregadores a compensarem as mulheres no período pós parto foi aprovada.