Jessica Chastain tem uma palavra a dizer sobre a representação das mulheres no cinema

Depois de Nicole Kidman ter alertado para a ausência de mulheres na realização de filmes em Hollywood, foi a vez de Jessica Chastain apontar o dedo à forma como o sexo feminino está representado na maioria dos títulos.

A atriz de ‘O Jardim da Esperança’, estreado recentemente em Portugal, falou a propósito do Festival Internacional de Cinema de Cannes, que terminou no passado domingo. “Foi a primeira vez que assisti a vinte filmes em dez dias”, começou por dizer. “Mas houve uma coisa que me incomodou nesta experiência, que foi perceber como o mundo vê as mulheres a partir da forma como elas estão representadas”, explicou.

Chastain chegou a afirmar ter sido “bastante chocante, com algumas exceções”. E salienta que acredita que “quando existiram mais mulheres a escrever argumentos”, haverá certamente mais personagens femininas com as quais se vai identificar.

“Mulheres mais ativas e que não se limitam a reagir aos homens que estão em tono delas”, completou.

Já em entrevista recente, aquando da estreia de ‘O Jardim da Esperança’, de Laurence Guenoun, Jessica Chastain, de 40 anos, tinha sublinhado que, apesar de a terem aconselhado a não falar publicamente sobre a desigualdade de géneros na indústria cinematográfica, tudo o que faz “na vida é feminista”. “É algo muito importante, especialmente no momento político em que vivemos”, justificou em entrevista ao jornal espanhol ‘El País’, contando que a chamam “advogada dos pobres” e que a acusam de se colocar frequentemente ao lado dos mais desfavorecidos.

“Que tenhamos uma maior diversidade nas nossas histórias, em vez de contar apenas as histórias de alguns. E falo de mulheres, de transexuais ou qualquer que quer seja a preferência sexual”, disse à publicação espanhola, acrescentando que, “no dia em que deixarmos de elogiar um filme pela quantidade de mulheres que tem no seu elenco ou pela quantidade de negros que o incluem, será o dia em que a indústria mudou de verdade”.

Relembre-se que, há uma semana, Nicole Kidman já tinha metido achas na fogueira ao revelar estatísticas: “Apenas 4% de mulheres realizaram filmes em 2016. Isto diz tudo! É algo importante a dizer e que precisa continuar a ser dito”, observou a australiana, deixando de seguida a mensagem: “Nós, como mulheres, temos que as apoiar no seu papel de realizadoras. Todos dizem que hoje as coisas são diferentes, mas não são”, concluiu.