Joana Alves: “Nas Guias aprendemos a acreditar em nós próprias”

Joana Alves AGP

Começou aos 10 anos na Associação Guias de Portugal e hoje, aos 34 anos, Joana Alves é a Comissária Nacional do movimento exclusivamente feminino. Esta responsável não duvida que é melhor como mulher – e como mãe – por ter sido formada e por estar no Guidismo.

Joana Alves crê, para lá da perspetiva pessoal, que este espaço é muito importante para a capacitação do sexo feminino e é o terreno certo para travar lutas mais próximas às mulheres.

É o caso do envolvimento das Guias em “temas como igualdade de género, respeito pela diferença, resolução de conflitos, exposição nas redes sociais, formas de discriminação, diferentes tipos de violência, entre outros”, conta a comissária ao Delas.pt. E especifica: “Até à data, foram realizadas mais de 160 ações, em cerca de 55 instituições escolares, atingindo um público de 3.500 alunos e alunas. Estão agendadas muitas outras ações que decorrerão por todo o país, até dia 25 de novembro de 2017, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres”.

Em que é que o Guidismo contribuiu para a sua formação e vida enquanto mulher?

O Guidismo contribuiu em grande parte para o meu crescimento e formação pessoal. Ser Guia desde os 10 anos capacitou-me de ferramentas para a vida, que foram (e são) fundamentais durante a adolescência até à idade adulta, na vida profissional e na vida pessoal (tenho a certeza que sou melhor mãe, de dois rapazes, porque sou Guia).

Que outros exemplos concretos pode dar?

Nas Guias, desde muito novas, somos colocadas à prova e aprendemos a acreditar em nós próprias e nas nossas capacidades, desenvolvendo a autoconfiança e a autonomia, aprendemos a trabalhar em grupo, a gerir conflitos, a gerir as nossas prioridades, desenvolvemos o nosso espírito crítico, a capacidade de aceitar desafios e de sermos otimistas perante as dificuldades, a capacidade de nos pormos no lugar do outro e de estarmos sempre atentas ao mundo que nos rodeia. De uma forma leve e única, vamos crescendo num ambiente saudável, onde desenvolvemos capacidades de liderança democrática. Sou hoje, seguramente, uma mulher diferente do que seria se não fosse Guia.

Tratando-se de um movimento exclusivamente feminino, porque considera que ele é relevante e atual?

Consideramos que, nos dias de hoje, faz sentido existir um espaço exclusivamente feminino onde as raparigas possam ser elas próprias e desenvolver em pleno todo o seu potencial, não estando condicionadas por eventuais papéis sociais ou tarefas que são normalmente associadas aos homens ou às mulheres. Nas Guias, tanto aprendemos a montar uma instalação elétrica, como a cozinhar ou a orientarmo-nos por carta militar. No Guidismo, as jovens não sentem a pressão da sociedade que tradicionalmente as coloca a olhar para os homens como aqueles que tomam decisões: elas assumem cargos de liderança, usam os seus talentos e competências e são encorajadas a levar essas competências para as várias esferas da sua vida. Comprovadamente, sabemos que este espaço é muito valioso para as raparigas.

Quais as causas – em matéria de feminismo ou empoderamento da mulher, ou outras – que o Guidismo deve abraçar em Portugal e porquê?

Quanto às “causas”, olhamos para estas com a certeza de que são matérias que têm que ser trabalhadas tanto junto das raparigas como dos rapazes. Um exemplo é o projeto “Vozes contra a Violência” que estamos a desenvolver e que visa promover um movimento de reflexão e de mudança de comportamentos em torno do tema da violência sobre as raparigas e mulheres. Nesse sentido, as Guias têm dinamizando ações nas escolas do 1º ciclo à universidade, junto dos seus pares. Temas como igualdade de género, respeito pela diferença, resolução de conflitos, exposição nas redes sociais, formas de discriminação, diferentes tipos de violência, entre outros, têm integrado os conteúdos abordados, através de jogos e interações adequadas a cada idade. Até à data, foram realizadas mais de 160 ações, em cerca de 55 instituições escolares, atingindo um público de 3.500 alunos e alunas. Estão agendadas muitas outras ações que decorrerão por todo o país, até dia 25 de novembro de 2017, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.