Leia as frases sexistas que levaram ao despedimento do funcionário da Google

 

Um funcionário da Google difundiu um artigo de 10 páginas, numa rede interna da multinacional e no Google+, onde critica as iniciativas feitas pela multinacional para combater as desigualdades de género e tenta apontar razões científicas para ela existir.

O autor anónimo do manifesto – que foi divulgado, nos media, pelo site Gizmodo – é um engenheiro de software daquela multinacional, identificado, pela BBC, James Damore, e entretanto despedido pela empresa, por ter desrespeitado, com o teor das suas declarações, o código de conduta da empresa.

No texto, o funcionário procurou estabelecer co-relações e explicações entre os fatores biológicos e a sub-representação feminina nas empresas tecnológicas, em geral, defendendo que o debate está enviesado por preconceitos ideológicos.

Ao longo do documento refere, entre outras coisas, que “a distribuição de preferências e capacidades dos homens e das mulheres difere, em parte, por razões biológicas e estas podem explicar por que não se vê uma representação igual das mulheres na tecnologia e na liderança”.

Detalhando os motivos biológicos para explicar a escassez de mulheres nas empresas dessa área, o texto aponta uma maior apetência do sexo feminino para lidar com pessoas, em detrimento dos números e dos códigos ou as mulheres serem mais emotivas e ansiosas e menos assertivas do que os homens, e as consequências que isso traz para o desempenho das funções.

Neuroticismo (altos níveis de ansiedade e pouca tolerância ao stress). Isto pode contribuir para os altos níveis de ansiedade das mulheres reportados no Googlegeist e para o menor número de mulheres em trabalhos altamente stressantes”, é uma das afirmações feitas pelo funcionário da Google. Leia outras na nossa fotogaleria, em cima.

O manifesto tornou-se viral e gerou polémica, levando a recém vice-presidente da Google para Diversidade e Inclusão, Danielle Brown, a fazer-se apresentar aos funcionários da multinacional mais cedo que o previsto e obrigando-a a tomar uma posição face às declarações veiculadas.

A responsável afirma que o texto faz “assunções incorretas sobre género” e que a sua perspetiva não é “apoiada, promovida ou encorajada”, nem por si, nem pela empresa.

“A diversidade e inclusão são uma parte fundamental dos nossos valores e da nossa cultura que continuaremos a cultivar. A nossa crença de que a diversidade e inclusão são críticas para o nosso sucesso enquanto empresa é inequívoca, e continuaremos a bater-nos por isso e comprometer-nos ao longo do caminho”, defendeu Danielle Brown, numa declaração aos funcionários da Google.

Esta segunda-feira, 7 de agosto, o diretor executivo Sundar Pichai, enviou um email aos funcionários da multinacional, justificando a decisão de despedir James Damore com o facto de este “sugerir que um grupo de colegas” possui “características biológicas que os tornam menos capazes para trabalhar” na Google. “É ofensivo e não é correto”, rematou.

 

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