Lições de etiqueta e elas só falam de carros

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Como todas sabem, nós (os homens) temos um defeito de fabrico. Pelo menos um. Aquando da instalação do nosso sistema operativo, uma falha de programação ditou uma anomalia – não baixamos a tampa da sanita. Retrete se preferirem. Pois bem, no acampamento do Rali das Gazelas essa falha não só não é permitida, como me fez mudar o chip para não falhar. Afinal, as casas de banho por aqui são mistas e as mulheres estão em muito maior número.

Estou a ganhar excelentes hábitos nestes dias. Além da tampa da dita, dou por mim a passar o chuveiro pelo duche depois de tomar banho. Evito a concentração de areia que trago agarrada às meias, não deixo cabelos no chão e preparo o cubículo de metro e meio quadrado para a próxima visita, que é quase sempre uma mulher e, provavelmente, picuinhas com estas coisas.


Leia as primeiras impressões do jornalista Ricardo Santos que está a acompanhar este rali


Ao pequeno-almoço, deixo sempre passar as senhoras concorrentes na fila para o buffet. E isto acontece às cinco e meia da manhã. Por vezes, até sorrio. Resultado: sou o último a comer e já apanho as panquecas marroquinas todas frias.

No jantar de ontem, a Elisabete Jacinto – que ontem terminou a primeira etapa na sexta posição da sua categoria, as Experts – convidou-me para a sua mesa. Sempre simpática esta campeã. Estava acompanhada da navegadora com quem faz equipa, a belga France Clèves. Ensaiei umas frases em francês para não ser mal-educado, mas aos poucos a mesa foi sendo tomada de assalto por senhoras que fazem parte de outras equipas. Todas se conhecem há tempo suficiente para ter assunto de conversa. Estava cansado por ter dormido pouco na noite anterior e retirei-me para a minha tenda cheia de poeira por volta das 21h. Adormeci quase de imediato. Fiz bem. Elas só falam de carros.