Liga: rastreio do cancro da mama não chega a 35% das mulheres

Liga: rastreio do cancro da mama não chega a 35% das mulheres
Liga: rastreio do cancro da mama não chega a 35% das mulheres

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) entrega, na tarde desta quinta-feira, dia 4, na Assembleia da República, a petição pela Equidade no Acesso ao Rastreio, Diagnóstico e Tratamento das mulheres com Cancro da Mama. “De fora do programa de rastreio está ainda cerca de 35% da população feminina”, afirma Vítor Veloso, presidente da LPCC, entidade que promove esta iniciativa e que já conta com mais de 27 mil subscritores.

A petição, que será entregue no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, quer pôr fim a uma situação que Vítor Veloso lembra ser “inconstitucional”. “Não compreendemos como é que na Região Centro, a totalidade da população está rastreada, 85% da população do Norte também e só a Grande Lisboa e Vale do Tejo não está abrangida. É uma situação que nos é completamente alheia e na qual não há igualdade”, sublinha.

As mulheres seguidas pelos seus médicos de família já fazem rastreios, mas o objetivo é recolher informação de forma sistematizada. Para Vítor Veloso, “há uma desigualdade a nível nacional no acesso à deteção, referenciação e tratamentos”, afirma, considerando ainda que “há hospitais em que a medicação é dada e outros em que não é. Isto é desencorajador para os doentes oncológicos. Esta situação vai contra a constituição porque é um problema de igualdade”.

A iniciativa, que ainda decorre, pretende colocar a luta contra o cancro como prioridade nacional e, recorda o presidente do LPCC, criar um grupo de reflexão que aborde a oncologia em geral, no âmbito da Comissão Parlamentar da Saúde. “Com uma nova equipa no ministério da saúde que se debruce sobre isso, queremos poder diminuir essas desigualdades, que são graves”, afirma Vítor Veloso.

De acordo com o relatório Doenças Oncológicas em Números – 2014, o número de mulheres rastreadas subiu das 188 mil (2009) para as 249 mil, em 2013. Ainda neste mesmo ano, foram convidadas para o exame perto de 409 mil mulheres, apontando para uma taxa de cobertura de 67,7%.

Segundo os dados avançados pela Liga Portuguesa, todos os dias surgem 16 novos casos, totalizando seis mil por ano. Em 2014, a LPCC realizou 279 mil mamografias a nível nacional e no âmbito do programa de rastreio.

O documento que será agora entregue pede ainda a “garantia de que, em casos de suspeita clinicamente demonstrada, exista acesso em tempo útil a um serviço hospitalar com capacidade de diagnosticar e tratar”, “acesso a tratamentos […] sem discriminação geográfica”, “acesso a informação” sobre a doença e reclama “voz ativa” dos “cidadãos, doentes ou familiares nas decisões públicas sobre o cancro”.