Mais de meio milhão de euros para combater a violência no namoro

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O governo vai disponibilizar 650 mil euros para sete projetos de combate à violência no namoro, que atingirão mais de 15 mil jovens de todo o país, revelou a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino.

O anúncio foi feito esta terça-feira, 14 de fevereiro, no Porto, à margem da sessão de apresentação de um estudo realizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) sobre a mesma temática.

Hoje, o executivo lançou também uma linha de financiamento para apoiar projetos de federações e associações de estudante dedicados a esta área, no valor de 50 mil euros, sendo que cada projeto candidato poderá receber um máximo de 5.000.

Este apoio insere-se na campanha “Mudar de Curso”, lançada em setembro do ano passado e que teve como primeira fase a divulgação de um vídeo sobre violência no namoro nas festas promovidas pelas associações e federações académicas. Em paralelo, serão colocados ‘outdoors’ com imagens e mensagens em todas as cidades do país que têm universidades e politécnicos.


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Violência no namoro continua a aumentar


O objetivo deste reforço financeiro, sobretudo em estruturas estudantis, é que a mensagem chegue mais eficaz e diretamente ao público-alvo das iniciativas de combate à violência no namoro: jovens e adolescentes.

“Temos de ir mais longe. As campanhas são muito importantes. Temos de ter campanhas de divulgação, campanhas impactantes, campanhas pensadas de jovens para jovens e que permitam combater o flagelo”, salientou a secretária de Estado.

Cidadania contra a violência em toda a escolaridade
De acordo com Catarina Marcelino, o governo está também a investir numa estratégia nacional para a cidadania, do pré-escolar ao 12.º ano, projeto que será apresentado “em breve” e que entrará nas salas de aula das escolas públicas no próximo ano letivo.

A secretária de Estado frisou a necessidade de se “investir na prevenção” de forma a combater o que depois se converte no flagelo da violência doméstica. Um fenómeno que, disse, mantém “cifras negras” – crimes que não são reportados.

Segundo o estudo apresentado pela UMAR – que abrangeu 5.500 jovens, com uma média de idades de 15 anos e oriundos de todo o território nacional – um em cada quatro jovens consideram normais ou aceitáveis comportamentos que se integram no padrão da violência de género e da violência doméstica.

Para Catarina Marcelino “este estudo demonstra que há uma grande e preocupante legitimação da violência”.

Violência no namoro e redes sociais
A UMAR também apresentou este ano, pela primeira vez, dados sobre violência através das redes sociais, sendo que 11% dos inquiridos revelaram ter sido atingidos por estas novas formas de violência nos relacionamentos.

Questionada sobre esta realidade, a governante admitiu que “merece preocupação”, recordando mesmo que “são atos de violência que ficam registados se se perpetuam no tempo”.

“Este estudo mostra que há uma cultura de violência que tem de ser combatida. É uma matéria que precisa de ser pensada. Mas temos de ter consciência que precisamos de prevenir e que os jovens compreendam que não podem ter esses atos. A grande aposta é na prevenção e consciencialização”, reforçou Catarina Marcelino, recordando que a violência no namoro é crime e está enquadrado na lei relativa à violência doméstica.

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