Maria Bettencourt leva rock dos Açores até Hollywood

maria-bettencourt

A açoriana Maria Bettencourt voltou a pisar o palco do lendário Lucky Strike, em Hollywood, para uma noite de rock em que foi cabeça de cartaz. A cantora de 23 anos está empenhada em vingar no mercado americano e acaba de passar um mês nos Estados Unidos, entre Boston e Los Angeles, para alguns concertos e uma incursão em estúdio.

“Adoro Los Angeles”, confessou Maria ao Delas.pt, nos bastidores do Lucky Strike, enquanto olhava mais uma vez para o alinhamento do concerto. “A indústria está toda aqui e por isso estamos focadíssimos em vir para estes lados da América”, sublinhou. É a terceira vez que Maria e o pai, o músico Luís Gil Bettencourt, tocam juntos em Los Angeles em menos de um ano. Ela como vocalista, ele na guitarra. O som que produzem é fresco, a presença em palco é explosiva, e a ambição não tem limites.

Desta vez na América, aproveitaram a viagem para entrar em estúdio e gravar quatro temas novos, que vão depois apresentar a uma editora italiana que é detida por um executivo americano.

“Com uma editora consegue-se chegar mais longe. É a rádio, são os agentes para os concertos”, explica Luís Gil. “Estou a prever um ano de trabalho.” A intenção é lançar um EP, mas Maria sabe que um contrato discográfico não é fácil de conseguir:

“Um grande número das bandas que vês por aí é independente. Da forma como a indústria da música está hoje em dia, conseguir um contrato discográfico é como encontrar uma agulha num palheiro”, diz, sorrindo. “Desistir é que nunca.”

Durante o concerto, que durou cerca de uma hora, Maria teve um convidado muito especial em palco: o tio Nuno Bettencourt, que conseguiu fama mundial com a banda Extreme. Fazer parte da família do músico radicado em Los Angeles há muitos anos, tem ajudado a aguçar a curiosidade sobre a carreira de Maria. E é por isso também que vir tocar agora em Los Angeles, a cidade onde a indústria está em peso, é importante mesmo antes de lançar um EP.

“Para fazer showcases e mostrar o teu material não há melhor sítio que este. Aqui vais a um bar e podes encontrar um produtor, um executivo, nunca sabes”, aventa a artista da Terceira. O que também torna o local especial é o apoio da comunidade portuguesa de Artesia, que fica a meia hora de Hollywood. Desde que Maria e Luís Gil tocaram no Lucky Strike pela primeira vez, em março do ano passado, o apoio tem sido incondicional – e até resultou no convite a um luso-descendente, Cole Martins, para ser o baterista da banda que acompanha Maria.

O início desta ligação foi forte: nesse primeiro concerto, a comunidade de Artesia alugou um “party bus” para levar meia centena de pessoas a Hollywood, mesmo sem conhecerem a artista. “Los Angeles para mim tornou-se casa por causa desta gente, que nos fez sentir em casa desde o primeiro dia”, afirma Maria.

Quase todos os temas que tocou foram originais, escritos pelo pai, com a adição de três covers e uma música escrita em conjunto, Lady of the Night. Tudo em inglês, mesclando a voz poderosa de Maria com a mestria de Luís Gil na guitarra. E se nos Açores a artista nunca sentiu haver um mercado para vocalistas femininas, em Los Angeles o ‘girl power’ está por todo o lado.

“Mesmo hoje em dia não há um grande número de artistas femininas a pisar palcos nos Açores. Agora cá, sou uma num milhão.” A banda que abriu a noite para Maria, a Sleep Machine, também é liderada por uma mulher. “Não vejo muito isso em Portugal. É o poder das mulheres”, reitera. “Girl power, sempre.”

 

Fotografia de destaque Marta Cabral Photography