ModaLisboa: Dino Alves e a mensagem ecológica

O penúltimo dia da ModaLisboa fechou com o desfile de Dino Alves, que apresentou uma coleção conceptual em torno da ideia de ecologia – um aviso para a ação nociva do homem sobre o planeta e o embrião de um novo projeto que o estilista está a preparar. Dino Alves revelou, em entrevista ao Delas, que poderá ler em breve, alguns detalhes sobre esse trabalho em construção.

Mas para já a mensagem da passarelle, sob o título de ‘Warning’, é uma chamada de atenção para alguns comportamentos que devemos, seres humanos, alterar e que é contada, pelo estilista, através da história de brilho, decadência e morte da natureza. Na coleção, ela é centrada nas flores, que são representadas, no início, com esplendor e vitalidade, através de tules vaporosos e cores alegres e claras – como amarelo, azul claro, rosa ou branco. Os primeiros surgem em grande destaque, tanto na forma de vestidos como de adornos destes – são aplicados nas peças e depois esculpidos com os mesmos efeitos.

Transparências e camisas com mangas de balão reforçam o lado mais romântico desta história, que a partir da entrada em cena de peças em tons mais ácidos – aqui com especial relevo para os coordenados masculinos – começa a desenrolar-se para cores mais secas e para aplicações de flores em peças de seda. A fluidez do tecido permite o balanço mole dos folhos e das aplicações em forma de flor, que atuam como elementos simbólicos da fase que antecede o declínio.

Já as cores são usadas para marcar uma diferença ao longo de todo o desfile: cores pastel, florais e claras representam a natureza, versus tons secos, cinzas e pretos e cores gráficas, que remetem para as vertentes química e industrial. Tudo isso materializado com a utilização de tecidos como algodão, voiles, organza de seda, tules, linho, viscoses, sedas, mousselines ou ganga.

O desfile terminou com impacto e o fator-surpresa. Os últimos modelos apresentados foram vestidos pretos cobertos, tal como as manequins que os usaram, de cinza: a representação simbólica de que tudo se extingue.

Fotografias: Rui Vasco/ModaLisboa