Movimento Women’s March quer passar das ruas para o Congresso

A Women’s March (Marcha de Mulheres, em português) está de regresso, desta vez com uma convenção de três dias, em outubro, no estado americano do Michigan.

O encontro realiza-se em Detroit, entre 27 e 29 desse mês, meio ano depois da manifestação de 21 de janeiro, em Washington, no primeiro grande protesto contra as políticas e o discurso misógino e xenófobo de Donald Trump e uma das maiores manifestações da história recente da América

Na altura, os protestos da Women’s March, que tiveram o seu epicentro em Washington, rapidamente se espalharam por outras cidades americanas e de outros pontos do globo, dando origem a concentrações em mais de 60 países e de uma centena de cidades.

A marcha converteu-se entretanto em movimento e a próxima iniciativa pretende reunir ativistas, novos e experientes, para debater “o poder da mulher na liderança como força motriz fundamental para a mudança”.

O objetivo é que os participantes saiam da convenção “inspirados e motivados” e com competências e ideias para “trabalharem coletivamente pela emancipação das mulheres de todas as raças, etnias, idades, capacidades, identidades sexuais, expressões de género, imigrantes, de todas as religiões e classes económicas”, refere a plataforma. A ideia é que depois se possam criar redes ativistas nas suas cidades e regiões de origem.

A convenção é, por isso, aberta a todos aqueles que nela queiram participar, mesmo que não sejam, nem se identifiquem como mulheres.


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Bob Bland, co-organizadora da Women’s March, acrescentou, em declarações ao site ‘Huff Post’, que esta questão é particularmente importante numa altura em que a América ainda recupera do ataque dos neonazis, nos protestos de Charlottesville, Virginia, que vitimou, Heather Heyer, uma mulher de 32 anos.

“Não podemos deixar que isto continue a acontecer. Precisamos de construir uma América de que nos possamos orgulhar. E sei que com mulheres nas lideranças conseguiremos alcançar isso”, afirmou, considerando que os recentes acontecimentos provam a necessidade de protestar contra a administração de Trump.

“Tivemos uma constatação da realidade de tal forma forte daquilo que a presidência de Trump nos trouxe até agora. Vai muito além da política. Tem a ver com o que a América defende”, declarou.

Para Rob Bland, essa é mais uma prova de que “as mulheres precisam de se juntar novamente – como fizeram a 21 de janeiro –, definir uma agenda política e a constituir-se não só como uma força nas ruas, mas também como uma força de poder no Congresso e nas comunidades locais”.