Três novidades científicas sobre a menopausa

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A menopausa acelera envelhecimento das mulheres. Dois estudos da Universidade da Califórnia, publicados esta semana, revelaram que a menopausa acelera o processo de envelhecimento das mulheres. É a primeira vez que se estabelece que é este processo que provoca um aumento mais rápido da idade biológica do corpo e não o contrário:

“Durante décadas, os cientistas não chegaram a acordo sobre se era a menopausa que causava o envelhecimento, se era o envelhecimento que causava a menopausa. É como o ovo e a galinha: o que é que vem primeiro? O nosso estudo é o primeiro a demonstrar que a menopausa acelera o envelhecimento”, afirma Steve Horvath, autor dos textos e professor de genética humana e bioestatística.

Por um lado, quanto mais cedo aparece a menopausa mais depressa o corpo se começa a deteriorar, elevando o risco de morte prematura. Por outro, quando uma mulher sofre de insónias constantes no pós-menopausa – sintoma que vem muitas vezes associado a esta fase da vida – pode envelhecer até dois anos.

Os estudos analisaram amostras de ADN de 3100 mulheres e mediram as células sanguíneas e células da saliva, com o objetivo de comparar a idade biológica com a idade cronológica. A conclusão, diz Horvath, é que “a menopausa acelera o envelhecimento celular numa média de 6%”. “Não parece muito, mas tem impacto na esperança de vida da mulher”, alerta.

O investigador dá como exemplo uma mulher que entra na menopausa precocemente, aos 42 anos. Quando chegar aos 50 anos, o corpo dessa mulher será um ano mais velho que o de uma mulher com a mesma idade, mas que só tenha entrado na menopausa nessa altura.

“Em média, quanto mais nova é a mulher quando lhe aparece a menopausa, mais depressa o seu sangue envelhece. E isso é significativo porque o sangue da pessoa é um espelho do que acontece noutras partes do corpo e que pode ter aumentar o risco de doenças e de morte”, explica Morgan Levine, da equipa de investigação.

No que respeita ao sono, concluiu-se que as mulheres que estavam já na menopausa e que tinham sintomas de insónia eram dois anos mais velhas biologicamente que mulheres com a mesma idade cronológica mas que não apresentavam esses sintomas.

Steve Horvath refere que os cientistas poderão passar a usar o relógio epigenético como ferramenta de diagnóstico que permite monitorizar a taxa de envelhecimento celular e avaliar o efeito e eficácia das terapias para o combater, como os tratamentos hormonais de substituição.

“Isto poderá reduzir grandemente a duração e os custos dos ensaios clínicos e tornar mais rápidos os benefícios para as mulheres”, conclui o investigador.

Sinais de demência na menopausa

Um outro estudo da Universidade de Calgary, no Canadá, demonstrou que sintomas como a depressão, ansiedade, apatia, impulsividade e agitação, quando surgem na menopausa e se prolongam durante seis meses, podem ser sinais claros de demência.

Entre as 282 pessoas analisadas, muitas estavam já em fase inicial de demência. Com uma idade média de 60 anos – as mulheres costumam entrar na menopausa por volta dos 50 –, 78% das pessoas tinham sido afetadas por mudanças de humor, 65% por comportamentos impulsivos, 52% por apatia, 28% por inadequação social e 9% por psicose. Só no Reino Unido, 16 000 pessoas sofrem de demência, e estes novos dados vêm dar uma nova luz sobre primeiros sinais e prevenção para evitar estes números assustadores.


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“As pessoas tornam-se irritáveis, dizem coisas rudes que são socialmente inaceitáveis porque um dos sintomas é a perda de empatia para com os entes queridos”, explicou Jonathan Rohrer, especialista em demência da University College London, no Reino Unido, ao Daily Mail.

Ter um emprego estimulante, uma vida social ativa e uma alimentação saudável pode proteger o cérebro de demência, segundo foi anunciado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, em Toronto, onde também se apresentou este estudo.

“Os primeiros sinais de demência são muitas vezes detetados pela família e amigos através de mudanças no comportamento e personalidade que podem ser mais visíveis do que as alterações na memória”, sublinhou James Pickett, chefe de investigação da Sociedade de Alzheimer no Reino Unido.