Mulheres sofrem mais de asma e a culpa é de uma hormona sexual

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Um estudo franco-australiano vem revelar a razão por que as mulheres sofrem cerca de duas vezes mais com a asma do que os homens. De acordo com aquela investigação, a razão é simples: é a testosterona que pode ditar esta diferença, sendo a principal hormona sexual masculina.

As conclusões decorrem de uma investigação internacional levada a cabo por uma equipa francesa do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm) e do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) em associação com a universidade australiana de Melbourne e que foi publicada no Jornal de Medicina Experimental.

Dizem, então, os especialistas que a hormona sexual masculina protege os homens de alergias, mesmo quando estas podem chegar a provocar um ataque de asma. Tudo porque a testosterona suprime a produção de um tipo de célula imune – presente nos pulmões, na pele e outros órgãos – que desencadeia a asma alérgica. Recorde-se que os pólens, os ácaros, o fumo de tabaco e mesmo os animais de companhia podem incrementar a propensão para doenças alérgicas.

A principal hormona sexual masculina protege os homens das doenças alérgicas e, sobretudo, da asma

Esta descoberta pode agora trazer novas luzes sobre o tratamento da doença, considerando-se a possibilidade de terapêuticas alternativas ou mesmo novas hipóteses em regime de suplementação de corticóides.

É isso, pelo menos, que crê a diretora do Laboratório de Imunologia Molecular da Universidade de Melbourne, Gabrielle Beltz. Contudo, esta professora recomenda cautelas e já veio ressalvar que é necessário confrontar estes dados recentes com resultados já obtidos noutros estudos.

112 mortos em Portugal devido à asma

Em Portugal, crê-se que a doença crónica, mas controlável, afete 700 mil pessoas. De acordo com dados revelados no início deste mês de maio, metade daqueles pacientes têm a doença sob controlo. Contudo, em situações de crise, a asma pode levar ao internamento e mesmo morte.

Segundo o relatório da Direção-Geral de Saúde (DGS) ‘Doenças Respiratórias em Números 2015’, a asma tinha causado em, 2013, 112 mortes em Portugal Continental. Constituiu a terceira doença menos mortal, precedem-na a síndrome da apneia do sono e a fibrosa quística.

“A taxa bruta de mortalidade por asma é baixa e não tem sofrido alterações significativas desde 2007, sendo de registar um baixo número absoluto de óbitos (112 em 2013). O seu valor aumenta cerca de 19 vezes a partir dos 85 anos”, vinca o documento.


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Tal como o estudo franco-australiano indica, também os dados deste relatório denunciam, em média, uma maior prevalência da doença junto do sexo feminino do que nos homens. Ao nível dos cuidados de saúde primários, conclui esta análise da DGS, “o número de pessoas inscritas com o diagnóstico de asma […] tem vindo a aumentar em todas as regiões, no intervalo entre 2011 e 2014. No entanto, o seu valor é ainda muito inferior à prevalência de qualquer uma destas patologias”.

Em 2014, o custo médio por internamento devido a doenças respiratórias foi de quase 1900 euros

Porém, o relatório também vinca que, ao contrário da pneumonia – em que os resultados nacionais evidenciam um pior desempenho quando comparados com outros países europeus -, a asma coloca Portugal entre os territórios com melhores rácios.

Numa leitura pelos custos da saúde, diz esta análise que “as doenças respiratórias (excluindo o cancro do pulmão) constituem a terceira mais importante causa de custos diretos relacionados com os internamentos hospitalares”. Só as doenças cardiovasculares e do sistema nervoso ultrapassam as de foro respiratório. “Em 2014, corresponderam a um encargo de 213 milhões de euros com um custo médio por internamento de 1892 euros”, especifica o relatório da DGS.

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