Mutilação genital feminina em crescimento na Guiné Conacri

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Um novo relatório da ONU divulgado no final de abril diz que, apesar de ser proibida pela legislação nacional e internacional, a mutilação genital feminina (MGF) continua a aumentar na Guiné Conacri. No estudo refere-se que 97 % das raparigas e mulheres com idades entre 15 a 49 anos a viver naquele país africano foram submetidas ao corte dos órgãos sexuais externos.

“Embora a mutilação genital feminina pareça estar a diminuir em todo o mundo, este não é o caso na Guiné, onde esta prática é generalizada em todas as regiões e entre todos os grupos étnicos, religiosos e sociais”, disse o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.

O relatório mostra que, nos últimos anos, a MGF foi infligida em meninas com idades inferiores às de anteriormente. De acordo com o estudo recente, 69 por cento das mulheres com idades entre 20 a 24 foram excisadas antes dos 10 anos de idade.

Na Guiné Conacri, assim como em outros países onde a prática é corrente, a MGF é vista como um rito de iniciação e grupos de meninas de várias famílias muitas vezes são excisadas em conjunto, seja em casa ou em lugares específicos das aldeias. No entanto, o relatório mostra uma tendência crescente para excisões individuais, devido a restrições financeiras das famílias e também por medo das sanções legais. Essa parece ser uma razão para o corte estar a acontecer mais cedo.


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Outro facto surpreendente é que se na maioria dos países em que esta tradição subsiste as mulheres se vêm manifestando contra a excisão, na Guiné o número de mulheres que apoia a MGF tem aumentado. Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística daquele país mostrou que a proporção de mulheres e meninas a favor da MGF subiu de 65% em 1999 para 76% em 2012.

A Guiné Conacri fica a sul da Guiné-Bissau, na África Ocidental, tem quase 10 milhões de habitantes mais e de metade são mulheres.