Vacina contra a SIDA entra em campo

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A África do Sul, um dos países mais afetados pelo vírus que provoca a SIDA, com mais de seis milhões de pessoas infetadas, avançou esta semana para o teste de uma nova vacina.

Vista com elevado otimismo pela comunidade científica, a vacina começou a ser testada, esta quarta-feira, dia 30 de novembro, em 14 locais do país. O ensaio, designado HVTN 702, abrange 5.400 homens e mulheres ativos sexualmente, com idades entre os 18 e os 35 anos.

Segundo a agência Associated Press, trata-se do maior e mais avançado teste para uma vacina contra o VIH a decorrer na África do Sul, onde mais de mil pessoas são infetadas diariamente com o vírus que provoca a sida.
Anthony Fauci, diretor de um instituto governamental dos Estado Unidos ligado a doenças infecciosas, afirmou mesmo, num comunicado, que a nova vacina é promissora.

Na semana passada, a ONU divulgou um relatório que revela que o número de pessoas infetadas pelo VIH que estão a tomar medicamentos antirretrovirais duplicou em apenas cinco anos, mas que há uma grande taxa de infeção entre mulheres jovens, sobretudo as africanas.

No ano passado, mais de 7.500 adolescentes e mulheres jovens foram infetadas com VIH por semana em todo o mundo, a maior parte delas em África, nomeadamente no sul do continente.

“As mulheres jovens enfrentam uma ameaça tripla”, disse o diretor executivo da ONUSIDA, Michel Sidibé, durante o lançamento do relatório na capital namibiana.

“Elas sofrem com um alto risco de infeção pelo VIH, têm baixas taxas de testes de HIV e têm pouca adesão ao tratamento. O mundo está a falhar com as jovens e temos urgentemente necessidade de fazer mais”, sublinhou.

Sidibé saudou o progresso feito com o tratamento do VIH, mas alertou que qualquer avanço é “incrivelmente frágil”.

Jovens infetadas por homens adultos
A alta taxa de infeção entre as jovens e as adolescentes é muitas vezes motivada por relacionamentos com homens mais velhos.

O relatório apontou que os dados recolhidos na África do Sul mostraram que mulheres e adolescentes estavam a ser infetadas com o VIH por homens adultos.

Muitos homens contraem o VIH muito mais tarde na vida e, depois, continuam com o ciclo de infeção.

O relatório apontou um estudo na província de KwaZulu-Natal, na África do Sul, que revelou que apenas 26% dos homens sabiam o seu estado de portador do VIH e apenas cinco por cento estava em tratamento.

Globalmente, entre 2010 e 2015, o número de novas infeções por VIH nas mulheres jovens, entre 15 e 24 anos, reduziu em apenas seis por cento, passando de 420.000 para 390.000. Para atingir o objetivo de menos de 100.000 novas infeções por VIH entre adolescentes e mulheres jovens até 2020, exigirá uma redução de 74% entre 2016 e 2020.

O relatório também alertou para o risco de resistência aos medicamentos e a necessidade de reduzir os custos dos tratamentos de segunda e terceira linha.

Em 2015, das 1,1 milhões de pessoas com VIH que morreram, 440.000 tinham tuberculose, incluindo 40.000 crianças.

Globalmente, o acesso a medicamentos contra o VIH para prevenir a transmissão do vírus de mãe para filho aumentou em 77% em 2015. Como resultado, as novas infeções por VIH entre crianças diminuíram 51% desde 2010.