“O machismo bloqueia as mulheres e prejudica a todos”

António Guterres
Fotografia de Rafael Marchante/Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu, esta segunda-feira, 13 de março, que o fortalecimento do papel da mulher deve ser uma “prioridade chave” no mundo e encarado como “vital” para a construção de “um novo futuro”.

“Num mundo dominado por homens, o empoderamento da mulher deve ser uma prioridade chave”, disse o líder da ONU, na abertura da Comissão sobre a Condição Jurídica e Social da Mulher, um grande encontro anual nas Nações Unidas sobre a situação das mulheres.


Secretária de Estado em Nova Iorque para empoderar as mulheres


 

António Guterres insistiu na necessidade de acabar com as “barreiras estruturais” que continuam a afetar a mulher e que prejudicam não apenas as pessoas do sexo feminino, mas toda a sociedade.

“Os homens ainda dominam, incluindo em países que se consideram progressistas. O machismo bloqueia as mulheres e prejudica a todos”, destacou.

Para o secretário-geral da ONU, aumentar as oportunidades das mulheres e das jovens é “vital para responder a uma injustiça histórica que perdura até hoje”, mas também para alcançar um mundo melhor para todos.

Nesse sentido, defendeu a necessidade de acabar com as desigualdades no mundo laboral e na educação, bem como proporcionar melhores serviços de saúde reprodutiva.

O ex-primeiro-ministro português lembrou, no entanto, que a realidade é que as mulheres em todo o mundo estão a sofrer “novos ataques contra a respetiva segurança e dignidade”.

“Os extremistas construíram as suas ideologias com base na subjugação das mulheres e das jovens e na negação dos seus direitos”, salientou Guterres, apontando que a violência sexual, os casamentos forçados ou o tráfico de pessoas são hoje “armas de guerra físicas e psicológicas”.

António Guterres denunciou também que alguns governos estão a aplicar leis que limitam as liberdades das mulheres, enquanto outros estão a recuar na proteção contra a violência doméstica.

“A discriminação contra as mulheres faz soar um claro sinal de alarme sobre a ameaça aos nossos valores comuns. Os direitos das mulheres são direitos humanos e os ataques contra as mulheres são ataques contra todos nós”, concluiu.

A Comissão sobre a Condição Jurídica e Social da Mulher decorre até 24 de março e conta com a participação de milhares de representantes governamentais e da sociedade civil.

Este ano, o assunto central do encontro é o papel da mulher no novo mundo laboral.