O que fazer quando as crianças mentem

O que fazer quando as crianças mentem
O que fazer quando as crianças mentem

Se para os adultos mentir não é difícil, o mais provável é que com as crianças aconteça o mesmo. Os pais que o digam, alguns mais do que outros, mas no geral todos são conhecedores da falta de sinceridade de palmo e meio. E não tem que ser um problema. Afinal, “se a mentira for encarada como algo que se diz e que não é real, tendencialmente todas as crianças ‘mentirão’”, explica Inês Afonso Marques, psicóloga clínica e coordenadora da Equipa Infanto-juvenil da Oficina de Psicologia. Mas atenção: quando é vista como “um ato deliberado de esconder uma verdade”, o caso muda de figura.


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É por volta dos quatro, cinco anos que a criança começa a ser capaz de distinguir entre verdade e mentira, separando aquilo que é real do que não passa de fantasia. Até então, refere a psicóloga, “a mentira acaba muitas vezes por surgir como produto da criatividade que está em desenvolvimento – ‘A banheira na hora do banho está cheia de peixinhos! Claro que está!’” Outras vezes é apenas fruto do esquecimento.

Para encobrir a realidade, com medro de frustrar as expectativas dos adultos, ao limite, as crianças contam uma história que acreditam que não irá desiludir.

No entanto, nas crianças mais velhas os motivos podem ser outros. “A vontade da criança corresponder às expectativas dos adultos, de agradar é elevada. No extremo, sente que só será aceite se nunca falhar e, quando falha (porque errar é humano e porque as crianças aprendem todas as suas novas capacidades por tentativa e erro), procura encobrir a realidade, contando uma história que ela acredita que não irá desiludir os adultos.”


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No meio de tudo isto estão os pais, ou melhor, os exemplos. E sim, também aqui são eles os modelos a seguir. Pelo que “a melhor forma de encorajar a honestidade é serem também eles honestos”.

O que fazer quando mentem
Independentemente da mentira contada pelos mais pequenos, a calma deve imperar sobre a irritação. Inês Afonso Marques explica que “é importante evitar mostrar zanga. Se o adulto gritar, ou tiver uma reação demasiado exaltada, a criança começará a sentir que a mentira compensa, nem que seja por perceber que os pais perdem o controlo e lhe dão atenção”. Sim, é verdade, a mentira pode servir para isso mesmo, sobretudo “se os adultos reagirem de forma exagerada à mentira, atribuindo muita atenção ao tema e se, por outro lado, em manifestações de honestidade, ‘ignoram’ a criança”.

Os pais devem, calmamente, incentivar a criança a admitir uma mentira. E elogiar sempre quando dizem a verdade, por exemplo, quando admitem ter partido alguma coisa.

Calmos e confiantes, os pais devem também fazer comentários “que incentivem a confissão e não a negação”. A confiança é, aqui, fundamental. Mas é um caminho de dois sentidos. Por isso, “sempre que possível, o adulto deve evitar contar meias verdades. De que serve dizer à criança que a injeção não vai doer nada quando, passados uns segundos, ela perceberá que até dói um pouco, mas que passa rápido?”

E já agora, elogiar quando dizem a verdade pode fazer maravilhas, sobretudo em situações “em que assumir pode ser um desafio, por exemplo, dizer que foi ela que partiu inadvertidamente a jarra que estava na sala”.


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