Gerald Schlesinger viveu em St Ann’s Court, situada perto Chertsey, em Inglaterra. Era nesta mansão, construída em meados dos anos 1930, que este corretor da bolsa e o arquiteto paisagista Christopher Tunnard mantinham uma relação que ia além da simples amizade. Uma relação que na época era ilegal e foi isso que obrigou a casa a uma particularidade que a tornava – e ainda torna – única: o quarto principal dividia-se em dois, para que os visitantes pensassem que os homens que a habitavam faziam vidas íntimas separadas.
A St Ann’s Court faz agora parte de um conjunto de locais reconhecidas pela Historic England – organismo independente do governo britânico, mas subsidiado por ele, e que tem por missão proteger o legado histórico do país – como importantes para o Reino Unido. “A influência de alguns homens e mulheres que ajudaram a construir a nossa nação tem sido ignorada ou subestimada com demasiada frequência, seja por desconhecimento seja porque pertenciam a grupos minoritários”, explica Duncan Wilson, diretor executivo da Historic England.
Além da propriedade de Schlesinge, a lista inclui as casas do poeta e dramaturgo Oscar Wilde, do compositor e maestro Benjamin Britte e do seu amante Peter Pears, a casa de Anne Lister e a campa no cemitério de St. Mary, em Bristol, onde o corpo da escritora, egiptóloga e defensora dos direitos das mulheres Amelia Edwards foi enterrado. Todos encerram histórias de relevo dentro da comunidade LGBT britânica.
A de Schlesinger é das mais sui generis. Não só pela mecânica que envolvia a divisão do quarto em dois, mas também porque a mansão serviu de cenário a vários episódios da série de televisão ‘Poirot’, bem como à publicidade à Nintendo, em 2008. Até uma das coleções que Alexa Chung fez para a Marks & Spencer também foi fotografada no local.